segunda-feira, 29 de outubro de 2012

E a água entrou pelos canos

Quando chegamos a casa estava em silêncio. Estranhamente o cachorro não apareceu para nos receber. Entramos com as malas e em seguida ouvimos a máquina de pressão de agua ser acionada.
O caseiro lavava as telhas e as paredes do corredor externo. Assustou-se quando o chamei:
- Esperava que fossem chegar à tardinha, disse.
Então contou do vazamento. O engenheiro tinha vindo fazer os reparos e o "mão-de-obra" terceirizado "esqueceu-se" de passar cola em uma das emendas dos canos de agua quente que estavam sendo substituídos. Toda a agua do boiler e toda a agua da caixa, vazou e inundou o quarto da Helena que fica bem abaixo das caixas d'agua. Um pampeiro!
O caseiro tinha removido com um balde  o máximo que conseguiu da agua do quarto da minha filha. Computador, teclado, cama, escrivaninha, televisão - tudo ensopado!
Quando o engenheiro veio resolver o problema com o "terceirizado" munido de cola, Miguel falou irritado:
- Se eu faço uma besteira dessas, o doente morre, viu?
Ainda bem que ninguém morreu. Mas estivemos bem perto de uma ataque apoplético!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Letras

Meu raciocínio não é lógico, dou pontos à revelia e quando faço uma grande vírgula, estou diante de algo complexo. 
Meu portanto é uma incógnita, minha linha, é linha dura. 
Não sei pensar linear, me perdoem. 
Sou zero à esquerda em estatísticas e a matemática me espanta.
Em bom português, prefiro as letras.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Dia das crianças


Dia das crianças... Todos os presentes do mundo para uma figurinha. 
Um gato, um sapato, o  salto alto toctocando...
Um celular, um jogo de química, uma velha e boa amizade.
Tudo misturado, resta o cheiro acre e o tom  marrom, que é mesmo  o fim da linha.
Sempre que se misturarem muitas cores acabaremos no marrom... Não é?
A figurinha dos meus sonhos, menina esperta e determinada, não brinca mais de química.
Mistura as pessoas, faz as contas, descarta o lixo e condecora com primor os heróis do dia! 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Escotomas


Escotomas cintilantes e moscas volantes. A manhã começou assim. Ainda sonolenta, achei que fosse um besouro. Tentei alcançá-lo, mas ele fugia soberbamente. Então compreendi e desisti de persegui-los. 
Desisti também de reparar nestes presságios: Uma dor de cabeça...
Tomei café, coloquei óculos escuros e saí para caminhar. 
Ignorei a desdita. 
Depois de uma hora cheguei em casa feliz  e tomei um banho quente. 
Enrolada na toalha, voltei ao quarto e reparei que, no chão, perto da janela, havia um besouro morto e de verdade.