domingo, 18 de abril de 2010

Casa de Bamba

Hoje tiramos a manhã para arrumar as pastas de papéis e contas e preparar o imposto de renda. Miguel é bastante organizado em relação aos papéis, tudo muito bem colocado em pastas que eu compro regularmente para ele. 
Uma outra característica do Miguel é sempre ouvir ou ver televisão e rádio.
Sempre ouvimos um programa chamado " se não fosse o samba, no domingo ao meio dia.
Ele diz que não gosta de samba e fica reclamando, mas ouvi uma música que o papai gostava muito e que se parece muito com nossa família, do Martinho da Vila: Casa de Bamba.
Resolvi colocar a letra para todos se divertirem:
 
Na minha casa
Todo mundo é bamba
Todo mundo bebe
Todo mundo samba...
Na minha casa
Não tem bola prá vizinha
Não se fala do alheio
Nem se liga prá candinha...
Na minha casa
Ninguém liga prá intriga
Todo mundo xinga
Todo mundo briga...
Macumba lá na minha casa
Tem galinha preta
Azeite de dendê
Mas ladainha lá na minha casa
Tem reza bonitinha
E canjiquinha prá comer
Se tem alguém aflito
Todo mundo chora
Todo mundo sofre
Mas logo se reza
Prá São Benedito
Prá Nossa Senhora
E prá Santo Onofre...
Mas se tem alguém cantando
Todo mundo canta
Todo mundo dança
Todo mundo samba
E ninguém se cansa
Pois minha casa
É casa de bamba
Pois minha casa
É casa de bamba...


Saúde, mamãe

sábado, 17 de abril de 2010

Se me leem, comentem

Gosto de ler as impressões de quem me lê.
Mesmo que seja uma palavra.
Preciso deste estímulo para continuar escrevendo.

"Mais diferenças"

Diferenças demais.
Pequenas diferenças.
Muda quando ser é um pouco menos, é ser incompleto ou modificado.
Mesmo com muito cuidado, nas reticências do espelho aparecem a dúvida e o susto.
Sabe-se que olham, procuram, perguntam.
Um riso dissimulado depois de uma paralisia transforma o riso do outro que observa e duvida.
Ninguém percebe. E cada um segue em frente, esquece.
Os que ficam, os que estão modificados precisam aprender uma nova forma de ouvir com os olhos ou ver sempre de baixo para cima. Precisar de ajuda quase sempre e aceitá-la com humildade.
Ser diferente não é para qualquer um, é preciso muito mais força para se erguer da cadeira psíquica, para se apoiar nas muletas solidárias, para ser igual.
As diferenças forçam os sentidos, aguçam a percepção do outro e quase sempre aumentam as distâncias entre os vivos e os feridos.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Quinta - feira

Quinta feira é dia de namorar.
É dia de ver seriado e comer pipoca.
Também é bom para fazer tricot ou croche e ficar mexendo os dedos do pé, na maior aflição quando o ponto não sai...
Quinta feira, véspera de sexta sempre promete.
A véspera é um dia mais importante que a data.
Antevemos o prazer de tudo; que agonia pode ser uma quinta feira promissora.
Mexer os dedos do pé dá a dimensão do trabalho mental de produzir.
Dedos que  se mexem segundo a dinâmica do pensamento são dedos quinta-feira.
Boas quintas para todos!



Chocolatômetro

Entrou no ônibus urbano, que liga a grande rodoviária à rodoviaria do bairro.
Ali estariam esperando seus pais, doidos para vê-la e abraçar muito.
Todos  repararam no embrulho oval com embalagem vistosa dourada e ficaram levemente enjoados. Era um ovo de Páscoa!
A Páscoa havia passado, fazia mais de uma semana. Todo mundo já atingira o grau máximo de saturação a chocolates.
A mamãe tinha resolvido passar a Páscoa sem muitas calorias mas naquelas alturas o chocolatômetro estava negativo.
Deu trabalho transportar esse mimo de Sampa até o Rio de Janeiro.
Quando chegaram à rodoviária do bairro, ela foi a primeira a descer.
Houve um grande alarde por parte da mamãe, que adorou o agrado. 
Já no carro, ela conversava com papai que dirigia.
Mamãe se esbaldava no banco traseiro, comendo cada pedaço com muito prazer!

sábado, 10 de abril de 2010

Quando a casa cai

Quando a casa cai, os quartos se expõem e mostram seus tacos rotos, despedaçados. As janelas saem do esquadro, olham estrábicas para a rua suja de lama, as vidraças partidas, mosaicos que reproduzem mil vezes a mesma cena triste.
Quando as casas caem, escancaram suas bocas abismadas, suas portas sem as portas mostram o dentro-fora aleatório; outras portas suspiram, querem ser fechadas, estão entediadas da mesmice do morro.
Ali, nada fica em pé, nem mesmo os homens. Todos caem como as frutas, como as casas, como a chuva.
Eu observo de longe o movimento do morro.
A lama, o choro, o chorume se movimentam como se vivessem, mas estão todos mortos nas entranhas da terra, somente os vermes e as moscas comemoram.
Quem não tem como voltar para casa, como caramujos na salmoura somente se liquefazem.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Árvores

Da última vez que visitei São Paulo, fui preparada para o trânsito e para a chuva.
Respirei fundo e cheia de coragem, fui.

Entramos na Av Dr Arnaldo e seguimos em direção à Av Rebouças.
Passamos ao lado do Incor e ali o trânsito parou!
Foi lindo quando reparei que as árvores cresceram e agora fazem uma cúpula sobre a avenida. Os galhos entrelaçados no alto fazem sombra, as árvores olham e torcem pelo seu povo
Toda a cidade aparece mais acolhedora:  são as árvores, as árvores frondosas e verde por toda a parte e sempre, sempre alguns ipês das mais diversas cores participam do espetáculo

terça-feira, 6 de abril de 2010

Rio suspenso e submerso...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

chega de falar do tempo e das flores
cansada do que tenho visto, ao fechar, esquecerei
ouvir os  animais em; encontrar pedaços de sobre a mesa
e sobre a grande camadoura espreguiçam os alicerces de dentro
arde a queimadura torta que sabe a banana
ontem, ontem, ontem
amém