quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Belo presente!

Tenho um bar especial, que improvisei a partir de um móvel decorativo que ganhei quando mudamos para o Rio. O móvel tem uns 120 cm de altura,  90 cm de largura e 40 cm de profundidade.  Curiosamente não tinha porta, nem gavetas, nada que pudesse ser aberto para utilizar o interior. Achei um desperdício! Chamei um marceneiro e expliquei :
 - Quero uma porta aqui na frente e duas prateleiras. Prenda a porta embaixo e coloque correntes para evitar que ela se abra completamente.
Vocês entenderam?
Bom, o marceneiro entendeu e fez o serviço direitinho. (Pena que mudou-se para o interior, era muito eficiente.)
Faz uns 10 anos que ele fez o serviço e as dobradiças embaixo ficaram frouxas, os parafusos começaram a se soltar.
Tirei todas as bebidas e taças do "bar", deitei o móvel e iniciei a tarefa de prender novos parafusos.
Então comecei a suar.
- Minhas chaves de fenda são de má qualidade? São do tamanho errado?
Estes parafusos que comprei são péssimos! Em pouco tempo espanaram...
Estou mesmo sem resistência, nem parafusos consigo prender...
Até que fez-se a luz!
A madeira! A madeira é de excelente qualidade! Madeira de lei!
Não conseguiria mesmo tirar água dos parafusos...
Belo presente!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Rato morto!

Era uma ratazana! Gorda, inchada, morta. Havia moscas, ahhh, as moscas...
O quarto de bombas recendia a cheiro de rato bem morto.
Peguei dois sacos de lixo. Ainda bem que  tinha alguns da última compra de supermercado que fiz sem sacolas próprias.
Vesti a mão com a sacola duplicada como se fosse uma grande luva, respirei fundo, olhei bem para o cadáver e catei aquilo. Depois inverti as sacolas, engolfando o bicho...
E agora? Onde dispensar? No lixo comum? Será que enterro? Ou cremo?
Puxa, dei a volta na casa segurando a sacola e seu conteúdo o mais distante de mim e joguei no lixo lá na rua mesmo.
Lavei o quarto de bombas, tomei um banho e tentei relaxar.
Mas estou aqui encafifada... Será que prendo um aviso para o lixeiro?
Cuidado! Rato morto!

Atrás da porta

Não sei fazer surpresa....
Se jogo poker espelho minhas cartas.
Se tenho que fingir, adoeço.
Aprendi desde pequenininha a ser verdadeira, sincera, mas o mundo não é assim, caramba.
Marcou as oito? Estarei pronta 15 minutos antes.
Falou que vinha? Então venha, né!
De qualquer forma há sempre a intenção da surpresa.
Vale, não vale?
Tem que valer...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Camaleão

Preciso tomar decisões mais elásticas.
Onde caibam porquês, para quês, talvez, então.
E soluções dramáticas.
Respostas rápidas, no tom correto, sem afetações.
Mas sempre será: para um lado o mar e para o outro a terra.
Quando puder agradar todo mundo - impossível mas desejável, estarei sonhando, feliz com uma peruca loira na raiz, preta próximo às orelhas e todo o restante, até o ombro, cinza - rato.
Usar uma peruca não é muito agradável. Esquenta, coça, dá vontade de atirar longe.
Mas eu usaria de tempos em tempos quando precisasse ardentemente agradar a todos que se importam comigo, sem exceção

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Carnaval no telhado

Uns macaquinhos caíram na folia sob as telhas.
Tanto fizeram que Helena saiu de cena e veio dormir na sala.
Enquanto não providenciamos algum desbravador de telhados disse a ela que dormisse no quarto de hóspedes.
Ela prefere o sofá. Pela manhã, enrolada em uma mantinha e com a cabeça em seu travesseiro favorito, dorme profundamente.
Quando acordo e vejo aquela presença tão querida, sento e fico aqui no meu cantinho do outro sofá, admirando.
Deixo que durma seu tempo de repouso, são horas muito ternas, vê-la assim no sono, quentinha e relaxada.
Para o próximo carnaval, vou contratá-los de novo,  macaquinhos da folia!
Só para ter Helena por mais tempo a dois palmos de mim.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Carnaval cover

Carnaval? Desencana!
Deixei Helena em casa me esperando.
Que brincou e gritou e foi vestida pro show.
Quarta-feira sempre falta grana.


Carnaval, outro ano
Essa Helena me deixou sonhando
Mão no cão, pé no vão
E hoje nem lembra não
Quarta-feira sempre desce o pano

Era uma visão, um sonho bom
E uma vontade
De tomar o tom
De cada som pela cidade

No carnaval, esperança
Que gente longe viva a vizinhança
Que gente alegre possa encher a pança
Que gente linda volte a ser criança!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Tratamento

Quando compreendi, quase que desisto.
Mas queria ter certeza e ver com meus olhos, então fui.
Cheguei muito cedo, havia pouca luz; esperei clarear.
Enxergava luzes e sombras cá de dentro, mas a natureza se fechara para mim.
Deitei sobre a areia e exausta peguei no sono.
Quando amanheceu de verdade acordava ainda de um sonho trágico.
Desorientada, misturava o que pretendia ver com o que tinha encontrado.
Voltei para casa e era quase noite.
Horas que passaram em minutos.
Só eu não voltei ao trabalho e a rotina das semanas.
Às vezes o repouso e a solidão tratam. Outras vezes, não

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Para a Letícia

Deixei passar um dia para que fosse surpresa.
Receber parabéns no dia do aniversário é ótimo, mas no dia seguinte, eu pelo menos sinto uma certa tristeza. Como teria dito o Drummond: - Era isso?
Nem sei quantos anos fez esta criatura tão linda.
Como a carreguei no colo vou evitar fazer muitas contas...
Mas é certo que temos muito em comum; boas e más semelhanças.
Ela herdou do pai a brancura da pele e o tom dos olhos, mas tem o corpo com a plasticidade do corpo da mãe, da tia...
Não é dos melões, mas das laranjas;
Não é das palmeiras, mas das roseiras;
Nem é do verão escaldante do Recife, mas da suave sombra de São Paulo, que a acolheu friamente mas de braços bem abertos.
Lembro-me de vê-la envolta por uma blusa quentinha, "oversized", com mangas bem longas de onde surgem desconfiadas, as mãos finas e delicadas.
Um gato em seus domínios.
Continue caminhando assim figurinha, em busca do seu sonho mais ousado.
Ouse, ouse, use e abuse da vida, que você nem vai sentir como passa rápido.
Passa rápido demais para se entristecer e perder o trem.
Entre logo na estação mais próxima e embarque, vá em frente ser feliz!