domingo, 31 de maio de 2009

"Pause"

Neste domingo agudo, nublado e fresco, estou em casa, estou de folga. O ruído da rua é mínimo, apenas um latido lá longe e uma buzina. Tudo parou. Quanto tempo vai durar. Alguém vai voltar a fita. Vamos repetir o momento passado. Atenção, para a frente deste momento, nada foi gravado. Voltemos a fita. Em seguida recomecemos a gravar.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Natureza selvagem

Quando vou para a academia a pé, caminho pelas ruas do Recreio. Entre as grandes avenidas ,há várias ruazinhas pitorescas, sempre muito arborizadas, com prédios simpáticos de até três andares.
Lembro-me sempre de cidades do interior e sua simplicidade.
Há uma rua em particular que adoro. Passo por ali mais ou menos às 9:00 hs e vejo o chão coberto de folhagens e flores caídas durante a noite, lindas imagens de caleidoscópio. Invariavelmente alguns empregados desses prédios estão varrendo a calçada e tudo fica limpinho, uma tela em branco para a próxima arte da natureza. De repente, uma cornetinha toca e eu já sei! É um padeiro que leva, montado sobre um triciclo, um tabuleiro cheio de rosquinhas e outros acepipes. Algumas pessoas aparecem na janela para pedir ao padeiro que as espere. Sinto um conforto quentinho quando vejo esta cena tão íntima de cumplicidade.
Mas ainda vejo um hábito de cidades anteriores, quando empregados varrem a rua com o esguicho da mangueira de água. Quando era novinha, olhava admirada essa força de limpeza da água, nas duras pedras das calçadas. Mas hoje, com o instinto ecológico que o momento global precisa, sinto uma estranha inquietação. E como acontece nos safaris em que observamos os bichos em seu habitat, sem interferir em sua natureza selvagem, vou seguindo adiante entristecida, desolada.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Gladys!


Hoje fui ao salão, cortar meu cabelo. Coisa de 10 minutos. Mas gostei tanto do ambiente claro, das pessoas felizes, do clima ameno...Fui ficando. Antes de cortar, lavar. Depois de lavar, uma tinta básica. Depois da tinta, lavar. Depois de lavar, umas mechas. E volte a lavar. Só então, o corte!
Quando dei por mim, havia passado 4 horas no salão. Fui ficando tensa, depois percebi que havia tomado café demais (e comido umas bolachinhas deliciosas) e lido várias revistas, com as mesmas notícias, inclusive as mesmas fotos! Caras, Quem, Contigo...
Agora com a cabeça mais leve e o tom alourado das cinquentonas, cheguei em casa procurando alguma coisa de peso. Comi um bom pedaço de melancia, tomei mais um café e continuo assim, avoada! Estou pensando em Paris, que deve estar uma festa! Já ouvi dizer que todas as francesas com mais de quarenta anos são louras... Não sou francesa mas bem que faço figura, desde que não abra a boca.
Pardonez moi, mas meu francês não está nem um pouco gostoso...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Tralha...

Cada dia que passa, agrego coisas novas a minha tralha de ir correr...
No princípio era eu, de tênis comum, camisetinha básica, um short..
Precisei de um tênis que tivesse amortecimento, para não estragar meus já envelhecidos joelhos.
Daí precisei de uma garrafinha de água, senão depois de 10 minutos não consigo nem respirar.
Fiz um suporte de crochê para prender a garrafinha na cintura e poder andar com as mãos livres. Aliás, fiz vários, até conseguir fazer um realmente eficaz.
Para amenizar as rugas, óculos escuros. Para diminuir os efeitos negativos do sol, boné e muito protetor solar. Pelo menos o protetor passo em casa mesmo, antes de sair, a não ser que eu esqueça... normal... Aprendo a lição torrando...
É sempre bom levar um troco, caso tenha uma súbita vontade. Nunca usei, mas meu suporte de crochê tem um espaço especial para este troquinho. E também tem espaço para dois ou tres lenços de papel, porque meu nariz escorre sempre que termino a corrida e começo a caminhar em direção ao carro. É, vou de carro até a padaria porque depois já engato a hora de academia na Contours. Recebi instruções da minha professora : Se vou correr uma hora e depois vou pra academia, preciso comer alguma coisa entre uma e outra... Pois é... levo uma bananinha...
Em um dia muito feliz, ganhei um polar. Uma beleza. Agora controlo tudo, adoro essa sensação.
Já saio de casa com ele. Mas às vezes, esqueço o relógio e fico com aquela faixa sem sentido, me apertando a boca do estômago até voltar pro carro. Ou, esqueço a faixa. Ódiooo!
Num outro dia muito feliz, mais recente, ganhei um Ipodizinho delícia, tratei de encher de músicas e uso sempre nas corridas e nas pedaladas. O Ipod é do tamanho de uma pen drive e os fones de ouvidos são bastante delicados. Hoje aconteceu de eu levar os fones...mas esqueci o Ipod...
Bem, acho que preciso exercitar meu cérebro. Mas tenho a certeza de que esqueci de alguma coisa...

domingo, 24 de maio de 2009

Atmosfera

A luz ultravioleta é invisível.
O céu é azul por causa da atmosfera.
Segundo alpinistas que já foram ao Everest, que subiram ao topo do mundo, o céu de dia é azul muito escuro, quase preto. Pouca atmosfera...Mas à noite, o céu é das estrelas, muitas, infinitas, brilhantíssimas. Já pensou?
Aliás, quem já viu um céu cheio de estrelas de verdade?
Dá saudade, dá vontade de ir pro meio do nada.
Deslumbramento e depois aquela sensação de ser tão pequena, ínfima, um cisco...
Mas mesmo assim, vale a pena. Não vale?

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Um rapaz bonito

Quando abri a porta do elevador no meu andar, percebi luzes e movimentos no apartamento até então vazio, ao lado do meu. Gostei de ter companhia e fiquei curiosa...quem será?
Fui cuidar do jantar e então ouvi um latido de filhote. Como sou veterinária, fiquei ainda mais interessada.
No dia seguinte encontrei com ele e seu cachorro. Deve ter uns trinta e cinco anos, bem feito de corpo, uma cara boa, um olhar fugidio...
Segurava pela coleira, um cão pastor, filhote bonito e agitado. Saiu com ele até o pátio do predio. Quando retornei, no fim da tarde, vi o estrago. As lindas plantinhas do jardim destruídas...
Depois de uma semana compreendi: - o rapaz é biruta. Não trabalha, fica o dia todo em casa e as vezes sai com o cachorro, ali para o pátio. Será que toma tarjas pretas? Será que alucina?
Mora sozinho, ninguém vem visitá-lo, não tem parentes?
Talvez eu me mude daqui...Não sei não. Estou com um mau pressentimento...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Estações

Ah, o outono... Há momentos de um silêncio tão pungente que dói. Aquele espaço-tempo entre o sono e o despertar que parece infinito. O outono é assim, tão inesgotável, ao mesmo tempo que encanta, deixa já saudades.
Lá, adiante, bem em frente a mim, um cão ignora o outono. Sente a dor do inverno, sente a sede do verão, mas ignora as estações suaves.
Um dia ainda vou criar uma nova estação. Estas que temos não têm mais jeito.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Linhagem

A sua expressão quer perguntar: O que se passa comigo?
Ele não sabe. Espero que não perceba. Espero que amenize o tom, mesmo que demore um pouco.
Nunca entenderá o motivo de ter ficado mais calmo e mais feliz, sem inquietações existenciais.
Mas nós, aqui em casa, sabemos e estamos tristes.
Vamos nos consolar e isso será o suficiente.
Toda uma linhagem silencia.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Número desconhecido

Tocou o telefone e ao perceber que era de um número desconhecido de São Paulo, atendi aflita. Helena, Helena... Adrenalina a mil. Era um amigo, de passagem pela cidade. Quem vem sempre quer voltar. Cidade de pesadelos em paisagens magníficas. Caos no trânsito, corcovados, horizonte úmido. Distante de tudo, na preguiça da tarde, ouço um cão ladrar, um avião cruzar o céu, o vento nos coqueiros. E só. Hoje, sou toda ouvidos.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A rosa mais alta

Minha roseira-trepadeira espalhou-se muro acima e a rosa mais alta espia a rua lá fora.
Estava vendo fotos antigas da nossa casa, antes de comprarmos. É curioso como fomos fazendo pequenas modificações, aqui e ali um detalhe, hoje é outro o jardim que conta nossa história. E eu que achava que não havia nada a ser modificado, que tudo estava perfeito, quando nos mudamos...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Bolinhas de gude

Tocaram a campainha. Fui abrir, eram meninos vendendo bolinhas de gude para um trabalho do colégio. Caras de pau! Mas achei bonitinho estarem se virando, comprei logo quatro. Caras as bolinhas, cinquenta centavos cada. Todas idênticas e das mais comuns, vidro verde cheio de bolhazinhas. Guardei numa gaveta qualquer, fui fazer o almoço. Hoje de manhã havia mais uma bolinha verde depositada no vaso ao lado da porta, onde tem uma placa "cuidado com o cão".
Talvez não tenham achado outros compradores de bolinha de gude. Mas pode ser também que eles tenham me presenteado pela minha bondade.

Boa noite

Diante da tarde plena e morna, questiono como e quando se formam nossas emoções.
Olhar um céu cheio de estrelas deixa qualquer um emocionado...mas por quê?
Quando compreendemos que um céu cheio de estrelas é lindo?
Não é só uma constatação, é um estado de êxtase.
Talvez eu esteja contemplativa demais, lá fora uns grilos já gritam e o céu noturno está coberto de nuvens... Boa noite.

domingo, 3 de maio de 2009

O outono...

Esta é a melhor época aqui no Rio. Os dias são claros e calmos, uma brisa, um sol envolvente. As cores das plantas e flores e objetos em geral ficam realçadas, bem definidas.
Quase nada sofre, a natureza está em paz.
Eu também. Mas queria resgatar a qualquer instante, esta sensação de beleza e quietude, queria guardar no bolso. Para quando viver estiver amargo e áspero, eu poder derriçar por aí.