domingo, 17 de março de 2013

A última!


Ontem fez um mês que mamãe morreu. Durante este tempo, decidi concluir esse blog e começar outro novinho em folha. Recomeçar, depois de fechar um ciclo.
Mas preciso compartilhar o último texto sobre ela, quando em Janeiro, depois de passar uns dias comigo no Rio, ela voltou para São Paulo.
Foi a última vez que a vi caminhar.
Saudades, mamãe.

 Fragilidade

Quando ela sumiu pelo corredor, de braço dado com o empregado da TAM, esperei um pouco, pensando que a veria de volta ao meu abraço para despedir-se novamente.  Mas ela tinha ido embora de verdade, mais uma vez.
Enquanto me dirigia para o estacionamento do aeroporto, ainda queria dar o braço para o ser, agora invisível e fluido que me deixara.
Vaso de porcelana antiga, precioso, frágil.
Parece que qualquer trepidação, ou algum sopro, pode craquelar sua estrutura, mas mesmo assim, segue em frente e caminha.
Conta histórias de seus filhos, a minha história; e se emociona como se tivesse acontecido ontem; e somos quase todos cinquentões.
Trabalhou cada centímetro de uma toalha de crochê belíssima que herdei e que estava cheia de machucados e roturas. Enquanto, com agulha fina e linha branca, cerzia e caseava,  ia dizendo: - É muito delicada, lave à mão, nada de ferro, nada de máquina, sem alvejantes.  
Depois me conta como era teimosa; como é teimosa e eu tenho no sangue e no coração a certeza disso.
O tempo vai engambelando sua teimosia, agora vai devagar e se cansa depressa.
Está muito pequena e magra, e eu – grandalhona. Nossos cabelos estão tingidos com Henna da mesma cor, então às vezes nos confundimos.
Será dela ainda este fio em meu casaco?
Será meu esse fio que encontro em seu travesseiro quando vou trocar a roupa da cama que ela deixou?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A hora da partilha


Nem bem a Nona  exalou pela última vez seu elaborado suspiro, a Nora e a filha mais Nova se engalfinharam às portas da funerária.
- Nova – disse a Nora – A Nona me presenteou com aquela baixela de prata que fica sobre o aparador faz dois anos, tá? 
- Eu, hein, não me lembro de ela ter falado nada... 
- Juro por esses olhos que a terra há de comer!
- É relíquia da família, e só sai da casa por cima do meu cadáver!
Era tamanha a presença da morte, que ali não se falava sobre outra coisa.
Depois do enterro, olhos cobiçosos variam cada centímetro da propriedade.
- Essa porcelana inglesa, esse jogo de jantar é meu!
A Nora e a Nova, cada uma a segurar por uma alça da sopeira, por fim deixaram-na cair e se espatifar no porcelanato.
Muitas cacos depois, cada uma juntou seus trapos e foi chorar num canto, saudosas da matriarca que era um verdadeiro rei Salomão.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Bamboo!


Há  uns 30 anos, tive um professor de desenho clássico em São Paulo, de que me lembro com saudade. Seu atelier era repleto de figuras de gesso e de trabalhos feitos por ele e por seus alunos.
Era um espanhol de altura mediana, hirsuto, de olhar falconídeo. Suava ácida e profusamente e soava áspero e incisivo enquanto nos ensinava.
Dizia que deveríamos "deitar" sobre o papel, e morrer em cima dele para obter o melhor resultado possível. Era muito grafite, muita borracha e vários desenhos rasgados pela fragilidade do papel depois de tanta lida. Só então partíamos para a folha da arte final, impecável, limpíssima. Era preciso uma assepsia cirúrgica para não macular o suporte da “obra prima”. Bons tempos!
Depois disso, fui pintar grande, gestual e emocionalmente, numa técnica que aprendi com outro querido professor, quando misturava cera de abelha e tinta óleo.
Desta forma era possível trabalhar por mais tempo do que quando usava tinta acrílica - gosto de pintar no quadro todo, o tempo inteiro - e a secagem era mais rápida do que com a tinta a óleo pura - sou aflitíssima.
Descobri que era aquela a minha mídia.
Pintei muito e emoções à parte, fiz bons trabalhos.
O problema era guardar aqueles painéis enormes de 2 x 2,5 mts ou mais. Enrolava, enfiava em um canto com os outros e partia para o próximo.
Quando a bandeira verde acenou para mim: - Trate de ser mais ecológica, mocinha! Essas telas vão levar séculos para se acabarem! – comecei a usar o computador e o Photoshop e viajei até me cansar da falta da "pega" da tinta e do cheiro de mel a atrair abelhas para me fazerem companhia.
Passei muitos anos sem pintar, comecei a escrever o blog e a inventar histórias.

Perdi mamãe faz uns 15 dias e ainda estou convalescendo. Difícil pensar com clareza, imagine escrever.
Mas, ontem, ganhei do Miguel uma mesa digitalizadora moderna, Bamboo, e comecei a desenhar para me distrair. Em poucas horas estou mais leve e vejo uma sombra de tranquilidade.
Com a Bamboo posso criar grande, fazer e desfazer quantas vezes desejar e quando canso de um desenho, começo outro, assim, num clique.
Precisava muito! Poder exorcizar minha tristeza de maneira ecológica. Sem papel, sem tinta, sem pincéis e sem a complicada terebintina.
Posso criar e jogar fora! Ou posso guardar e depois jogar fora com danos ambientais mínimos.
Vieram me observar:
- Que lindo!  Mas como vai transformar em quadro?
E eu respondi: - Para quê? 
Tudo que eu preciso agora é arrancar daqui de dentro a granada que ameaça meu coração.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Se me tocam, ouriço.
Se me beijam, mordo.
Se durmo, sonho,
e se acordo, sonho.
Onde estará?
Miríades de luz vagueiam na penumbra.
Outros tantos sons percutem, reclamam.
Luto.
Não naufragar, não desistir, não afogar.
Se me abraçam, choro.
E quando choro, as palavras morrem.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Origami

Quando nossas crianças desenvolvem seus próprios passatempos, quando já não interferimos em suas escolhas e decisões, deixamos de ter filho, (no sentido restrito de cuidar, e impor, e limitar).
Passam a ser nossos mais caros  amigos; e compartilhamos confidências e conselhos.
Uma década ou duas depois dessa libertação alcançada no dia a dia por eles, não diremos mais: - Estes são meus filhos.
São eles que dirão: - Estes são meus pais.




quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A nuvem


Do ENIAC até aos notebooks atuais já se passaram sete décadas! 
Daquele ser abstrato, enorme, relacionado às viagens espaciais, para a facilidade atual, de cada pessoa da família ter seu próprio instrumento, só se passaram setenta anos.
Quando minha filha nasceu, o quarto onde ficava nosso monstrinho digital foi todo remodelado para ela e o computador foi relegado a uma pequena sala que anteriormente eu usava como atelier.
Bem, não sou boa com máquinas, mas tenho um companheiro que dá baile em muito técnico de informática. Quantas vezes o acordei de madrugada porque o computador retrucava inclemente ao meu comando:
“It’s not a logical expression!"
Muito devagar fui aprendendo e esperava o dia em que iriam finalmente criar uma caneta para se usar em uma superfície lisa e que pudesse ser transferida para o computador. O mouse nunca se prestou ao desenho.
A primeira tablet disponível no mercado, eu tive! Foi um presente e tanto!
Mas a caneta era presa à prancheta, pouco sensível e o desenho perdia o movimento e a sensibilidade.
Voltei ao papel.
Também antecipei o lançamento do porta-retratos digital; passava nas lojas e perguntava:
- Vocês não teriam uma moldura com tela onde se pudessem colocar as fotos de um arquivo eletrônico?
- Isso não existe!
Saía da loja frustrada e pensava:
- Mas vai existir!!
Hoje é tão comum que já devem estar inventando um porta-retratos digital em 3D!
No fim do ano passado, estive às voltas com um texto de mais de 60000 palavras. Salvei algumas versões e pasmem! Desgraçadamente, não salvei em uma pen drive.
O computador, de uma hora para outra, desistiu de viver, em um piado tristonho.
O técnico virá hoje trocar alguns componentes. Torço para recuperar meu arquivo.
Conversando sobre isso com minha irmã Beré, ela aconselhou:
- Tita, use a nuvem! Você pode acessar de qualquer lugar em qualquer computador!
Confesso que não estou muito a vontade com a tal nuvem.
E se ela de repente chover todas as minhas palavras?

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Ansiedade


Estremeço sempre que penso em todas as boates que frequentei, nos bares, jantares, festas infantis. 
Viajar de avião: Quem nos leva é um grande desconhecido, qualificado, mas uma pessoa. O que nos leva é um instrumento, revisado por outro desconhecido, também humano. Olho para trás e me surpreendo de ter escapado tantas vezes de possíveis catástrofes, ou acidentes banais pela vida afora que poderiam ter mudado o curso do meu rio.
O destino, este pecador mortal, parece brincar com a nossa sorte, é aleatório, impessoal. O destino resolve:
- Agora vou escolher... Aquela moto amarela. Pronto! 
Um rapaz atropelado, talvez com sequelas, talvez dependente, melhor morrer.
E se quem dirige este ônibus, que transporta passageiros de pé, esteve insone, tomou um remédio de tarja preta, fora do prazo de validade, que a mulher encontrou na gaveta da patroa e decidiu experimentar.
Quem sabe com quantos me encontrei pelas ruas, quantos cumprimentaram de passagem e já embarcaram?
Agora que temos todos mais tempo para viver, talvez devêssemos alinhavar nossas páginas já lidas, todas juntas.
Jamais voltar a ler o que passou, não bisbilhotar nas entrelinhas.
O susto de ter sido dispensado pela sorte tantas vezes poderia ser fatal.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

"Um dia, um gato"


























Felipe!
O primeiro animal de que gostei de verdade.
Antes eu era esnobe, bicho era bicho.
Abri meu coração e aceitei amá-lo.
E a todos os outros depois dele.
E foram muitos.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Antes que seja tarde!


Quando fomos brindar, na virada do ano, alegres com os bons ventos que sopravam, abrimos o champanhe gelado em meio às explosões dos fogos... 
Foi triste, confesso.
A rolha saiu molenga e o espumante deslizou suavemente para o chão, uma tinta marrom em agonia. Colocado nas taças, o líquido quase nada borbulhava, sua cor era âmbar. 
Ao primeiro gole, o gole do brinde, o gosto era metálico, o cheiro era velho, deteriorado. 
Desistimos.
Faz um mês, ganhamos outro champanhe, novinho! Por umas duas semanas ficou no bar... 
Uns dois dias atrás, decidi colocar na geladeira, pensando: - Não vá perder outra joia!
E hoje, vésperas do carnaval, lembrei-me da garrafa, que a tudo iluminou! 
Estava pronta para mim, e eu para ela.
Telefonei à minha hóspede, habitual e querida: 
- Você vem antes do Natal?
- Não sei...
Decidi abrir a garrafa, antes que fosse tarde.  
Pop! A garrafa exclamou, exultante!
Seria o gênio? Não, não era...
Mas, qualquer dia é dia para comemorar!
Mesmo que seja hoje.
Mesmo que seja cedo demais!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Línguas


Anita acordou no meio da noite e ouvia vozes. Na escuridão escutou o Arnaldo discutindo em Japonês. Ou Mandarim? O marido gesticulava e sacudia os ombros enquanto falava. Cutucou. Nada. Esticou o pé gelado até encostar-se à panturrilha dele; nem sinal. Para evitar levar um soco se a conversa virasse briga de mão, arrastou-se para a borda da cama King size e ficou ali no cantinho esperando acabar o assunto. Engatou em um sono intranquilo e sonhou que se preparava para o próprio casamento com um oriental e todas as suas tradições.
- Arnaldo, você fala Japonês?
- Hein?
- Estava discutindo com alguém durante o sono; e aquilo para mim era grego!
(Cá entre nós, ela queria entender a conversa.)
Ele tomava um gole de café e depois sorriu e ponderou:
- Talvez fosse Húngaro.



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O berne da questão


É sempre assim!
Quando Helena vem "buscar fogo" no Rio - estilo bate e volta - ainda no vácuo de sua ausência, começo a procurar sarna para coçar.
Desta vez coincidiu com a tragédia em Santa Maria, e sei que todas as pessoas que têm filhos adultos jovens, começando a viver plenamente, se colocaram no lugar daquelas que perderam seus queridos.
Estive mais introspectiva e sensível; é quando começo a procurar.
Sofro pela lagartixinha sem o rabo que corre pela parede e se esconde atrás da gravura.
Investigo uma velha cicatriz no braço do Miguel, estaria a ferida se abrindo novamente?
Vou lá fora e chamo o cachorro. Vasculho cada centímetro de pele, limpo as orelhas com esmero, abro-lhe a boca: - ahhhhhh.
Cismo que se coça demais no pescoço. Agora está lambendo a pata que coçou o pescoço! Meu Deus, com certeza é berne!
Busco meu arsenal investigativo, raspo os pelos da região - a pele fica vermelha, escarificada e poreja micro gotículas de sangue.
Procuro a abertura por onde a larva respira e nada encontro. Cutuco, aperto, espremo, sinto que a pele está espessada!
Estou perdida. Começo a tratar assim mesmo, coitado.
Depois, exausta, venho aqui para o meu canto e choramingo um pouquinho de saudades.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

"Solaridade"


Quando amanheceu nublado, imaginei que o melhor seria fechar as cortinas e nublar também debaixo das cobertas. Acontece que tinha muito que fazer, entre outras coisas tratar de soprar as nuvens, desanuviar.
Mãos às obras!
Abri as portas, tratei do cachorro, revolvi a terra sob a buganvília e o beijo.
Fiz as contas, combinei com a cozinheira o cardápio de hoje e de amanhã e fui ao supermercado  buscar o que faltava.
A chuva de verão, torrencial e rápida,  alertou-me para os riscos de ficar ilhada naquela atmosfera agressiva.
Foi só um susto. Como quando vemos de relance o que não há; e em seguida compreendemos a realidade.
Ufa! 
Saí do carro em pleno temporal e cobri a cabeça com as sacolas retornáveis que sempre trago comigo. Lembrei-me de uma cena muito comovente, de um macaco em plena selva que utilizava  folhas de palmeira para proteger a cabeça da chuva na floresta.
Fiz minhas compras, e quando voltei para o estacionamento, havia sol!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Anfitriã

Quando recebo visitas, quero agradar!
Meu coração excitado, minha cabeça a mil...
Quero arrumar o quarto, quero encher o jardim de flores, mesmo no inverno; quero programar uma serenata, mesmo que chova a cântaros!
Planejo guardar o cachorro em um sono de dias, para que nem hóspedes nem animal se ressintam.
Preparo comida para um batalhão. Quero ter de tudo um pouco, para sentir meus convidados e fazê-los felizes. Quero apaziguá-los nessa Cidade de Deus; que não se importem com as notícias do Datena da TV e que se julguem no paraíso anunciado pelas autoridades cariocas.
Quero que se sintam mais felizes que em casa, se isso fosse possível.
Compro cerveja light e cerveja de verdade, de origens variadas, como se as marcas fizessem parte de um carteado onde eu tenha que vencer.
Compro água com gás e sem gás, de diversas fontes.
Abasteço o quarto de hóspedes de mimos e caprichos.
Abasteço meu coração de uma enorme vontade de tornar meus hóspedes viciados em prazer.
Espero acertar.
Espero que queiram voltar um dia.
E que eu possa sentir plenamente a alegria de ser boa anfitriã.



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Onde anda a Luluzinha?


Quando nasci, não havia um anjo torto a me dizer para onde ir, apenas uma parteira que mastigava os dentes. 
Tinha muito cabelo - assim me contaram - e era parecida com a Meméia... Alguém sabe quem era?
Coitada da Meméia... Personagem de revista de quadrinhos, um aprendiz de bruxinha má - http://www.youtube.com/watch?v=KUKudnxVV8E - acompanhou minha infância e adolescência e quase tomou conta de minha vida adulta também, não fosse eu ter encontrado ajuda especializada para meus tormentos íntimos.
Amadurecida à força, já em plena e torpe meia-idade, ainda busco uma bruxinha má que me transforme em qualquer ser aproveitável, alvissareiro.
Bom, já não era sem tempo, parece que me encontrei. 
Estou na madeira do náufrago, no capim do burrico, na estrela que é Dalva.
Estou onde não estive e sou o que ninguém esperava.
Escrevo. Essência de mim. E me recordo de que desde sempre, escrevi.
Espontaneamente. Para exorcizar demônios. Para fazer as contas.
Para sobreviver.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Fragilidade




Quando ela sumiu pelo corredor, de braço dado com o empregado da TAM, esperei um pouco, pensando que a veria de volta ao meu abraço para despedir-se novamente.  Mas ela tinha ido embora de verdade, mais uma vez.
Enquanto me dirigia para o estacionamento do aeroporto, ainda queria dar o braço para o ser, agora invisível e fluido que me deixara.
Vaso de porcelana antiga, precioso, frágil.
Parece que qualquer trepidação, ou algum sopro, pode craquelar sua estrutura, mas mesmo assim, segue em frente e caminha.
Conta histórias de seus filhos, a minha história; e se emociona como se tivesse acontecido ontem; e somos quase todos cinquentões.
Trabalhou cada centímetro de uma toalha de crochê belíssima que herdei e que estava cheia de machucados e roturas. Enquanto, com agulha fina e linha branca, cerzia e caseava,  ia dizendo: - É muito delicada, lave à mão, nada de ferro, nada de máquina, sem alvejantes.  
Depois me conta como era teimosa; como é teimosa e eu tenho no sangue e no coração a certeza disso.
O tempo vai engambelando sua teimosia, agora vai devagar e se cansa depressa.
Está muito pequena e magra, e eu – grandalhona. Nossos cabelos estão tingidos com Henna da mesma cor, então às vezes nos confundimos.
Será dela ainda este fio em meu casaco?
Será meu esse fio que encontro em seu travesseiro quando vou trocar a roupa da cama que ela deixou?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013


Muito felizes!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Gato voador

Foi uma sucessão de fatalidades.
Eu convidei, ela aceitou; ela veio.
Bruno foi cuidar e escondeu a toca do sofá.
Dona Mariana foi arrumar o décimo quinto e abriu a janela.
Nicolau se assustou.
Quis fugir, voou.
E o abismo olhou de volta para ele.
Ah, que pena, Nicolau.