Passei por ele sem muito esforço e segui em frente. Alguns minutos depois ouvi um trotar ligeiro e firme atrás de mim. Era ele! Corria com leveza, a respiração compassada e lá se foi o septuagenário fazendo história. Via apenas uma mancha azulada tremulando, quando ele dobrou a esquina em direção à praia.
- Ele deve ter sido atleta a vida toda - pensei, me conformando.
Dobrei a esquina também e de novo passei por ele. Estava parado e conversava com uma moça de uns 40 anos, que meio sem graça, desviava o olhar. Ele segurava com a manopla esquerda o antebraço direito dela, logo acima do cotovelo e a puxava para si. Falava enquanto sorria mostrando as gengivas rosadas em um "Fleming" libidinoso.
Do calçadão da praia pude vê-lo novamente trotando na ciclovia.
Ele olhava para algum ponto a sua frente, longe, muito longe.
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