segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Avidez

Fui ver o mar, precisava da imensidão.
Somente ela nos devolve a humildade e a consciência de ser o grão, o quase nada.
Ao olhar a opulência orgulhosa  e ávida das águas, chorei um pouco.
Lembrei-me de um navio que certa vez vi no horizonte e que em seguida perdeu-se.
Bobamente, fiquei com pena de mim, eu que tenho tanto a perder.
Um casal feliz, cheio de assunto, andava em ótimo ritmo na ciclovia e eu compreendi.
Eu tenho esta felicidade também. E muitas outras.
Não posso permitir que o medo espalhe suas tintas de polvo.
Minhas rosas vermelhas olham para mim, boquinhas abertas. Têm uma avidez serena.
A felicidade é verde, preciso aguar minhas plantas.
Só depois vou descansar um pouco.

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