quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A febre

Ao meu lado sentou-se uma mulher com febre.
Dela emanava um cheiro quente de cânfora e resignação.
Estava quieta, encolhida, sonolenta. Espesso, grisalho e fosco, seu cabelo estava cansado.
Não me decidia a levantar porque o ônibus estava lotado e teria que ficar em pé pelos 45 minutos que faltavam para o fim do trajeto. Pensei em respirar mais devagar, fingir que não temia seu estado contagioso, mas estava alarmada.
Ela acordou de repente, pressentiu seu ponto (quem anda muito de ônibus tem este dom), levantou fungando e sofrida desceu para a chuva, sumiu embaralhada às pessoas coloridas e comuns.








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