domingo, 30 de dezembro de 2012

Parabéns!

Bom dia, querida! Feliz aniversário!
Vamos almoçar juntas? Jogar fora todas as conversas, rir das nossas bobagens, beber, comemorar?
Deixemos para trás as disputas, os delírios dos outros; que tudo seja amenidade e conforto.
Trouxe-lhe um presente, uma pequena lembrança, não vá reparar...
E um dia, daqui a algum tempo, quando encontrar esse mimo na gaveta e se lembrar de hoje, lembre-se também de que é muito amada e muito bem compreendida.
E que seja lá como for, cada dia que passa - mesmo os dias ruins, pesados - revela nuances do seu ser, e de sua bondade.
Minha boa amiga, minha grande amiga, que seu viver seja sempre pleno e abençoado.
E que viva muito e sempre bem!


sábado, 29 de dezembro de 2012

Projeto para 2013

Eu pretendo para o próximo ano, eliminar 365 inutilidades da minha vida. Tenho uma casa cheia de recordações, que são tão vagas lembranças... Então, será um passo de cada vez, um objeto por dia.
Ao mesmo tempo em que, ao ter a ideia, adorei a possibilidade de estar 365 vezes mais limpa em 2014, senti um pânico ao concluir que talvez não seja capaz.
Pode ser que não consiga eliminar algo todos os dias e certamente haverá momentos em que terei muito  para jogar fora...
Perguntas:
Vale jogar fora dois objetos em um mesmo dia para tentar ganhar tempo para os dias de maior avareza?
Seria prudente definir o tamanho mínimo do que deve ser descartado?
Se eliminar uma agulha oxidada e no dia seguinte um pedaço de linha de uma costura desfeita, estarei cumprindo meu ritual?
Garrafas de vinho degustado, latinhas de cerveja, isso conta?
Não, definitivamente, não!
Somente aquilo que já está guardado, escondido, deteriorado.
Sim, porque o que não usamos no dia a dia fica jogado às traças.
Não tem mais valor, a não ser aquele que estimamos por ter sido estrutura da construção de um tempo que não volta mais.
Pareço saudosista?
Eu sou. Se algumas estruturas são retiradas, se alguém sai da cadeia alimentar das relações e sentimentos, nada mais nos resta a não ser sentir tristeza por ter perdido; e seguir adiante.
Seguir adiante. É isso que um Ano Novo nos reserva.
Mesmo que a gente não consiga cumprir com todas as promessas.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Fim do engodo

Não, o mundo não pode acabar!
Tenho que comprar aquelas tulipas e enfeitar minha sala, desde o século passado.
Tenho empréstimos a receber, amizades a reatar, algumas contas...
Plantei um pé de limão e uma bela mangueira e não vou poder comer seus frutos?
Não, ainda não, é cedo demais para nós.
Por exemplo, amanhã mesmo tenho uma "mega" festa, como não comparecer?
Vou vestir meus saltos e entrar bem elegante em meu vestido decotado.
E as joias? E as minhas joias? Se ainda não as usei, com medo de perdê-las...
O mar! Preciso pisar na areia e ir até as ondas, as ondas... E pular cada uma com fé!
Ainda não publiquei meus livros. Há tantos desejos...
Preciso ver Roma, rever Paris, gastar em Nova Iorque, ganhar em Las Vegas...
Espere aí, não vá se acabar agora!
Deixe comigo, que eu decido meu fim.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

"Eu fica danada da vida!"



Esta é uma foto histórica. Uma das primeiras da Helena e a última de seu avô paterno.
Parece-me que ao mesmo tempo se reconhecem e se despedem.
Faz hoje 24 anos que Seu Estevão morreu. Imigrante da Hungria, veio de navio; e foi ricocheteando pelo Brasil até fixar residência em Barbacena e construir família. Era determinado, teimoso, fazia o que queria. O sotaque carregado - que ele tratou de policiar quando os filhos estavam na escola aprendendo português - para mim, que o conheci e aprendi a amar muitos anos depois, era uma diversão.
Ele lia o jornal de cabo a rabo e de tempos em tempos exclamava:
- Eu fica danada da vida!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Humanas


São amigos há mais de quinze anos. Companheiros. Adoram uma boa discussão; horas e horas entre a cruz e a caldeira. Os argumentos são apenas interrompidos, não há consenso. 
Segundo ela,  o prazer é discutir.
Bem, gosto não se discute e isso desde o século passado.
Eram adolescentes e se criaram - grandes descobertas, novos caminhos, direções distintas.
Quanto mais se separavam, mais amigos se tornaram.
Eram humanos, dos pés, às cabeças.
Um foi para o Jornalismo, a outra para a Comunicação. Tão perto e tão longe.
Porque se a base da estrutura acadêmica é a mesma, a postura profissional é distinta neles.
Um vai atrás, abre caminho, arranca a informação, mesmo que ferido.
Outra contesta, rebate, protege, e defende seu território, mesmo que hematoma.
Saudade de vê-los juntos.
A fala mansa, os gestos carinhosos...
Mas é só chegar perto para ver que acontece o maior embate filosófico.
Ainda que, daí a cinco minutos estejam prontos para dar um ruidoso mergulho.