quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Meio dia


Manhã de tráfego intenso neste cubículo  infernal agora, as onze horas, outros virão para o almoço e outros cheiros mornos e molhados entrarão nas sacolas, misturas de sabores de cada andar onde comentam a novela e o tempo e também impregnam de miasmas intestinais um espaço destinado ao publico popular. A velha que finge, entra cigarro aceso e faz questão de dizer que não sabe que não pode fumar no elevador que é publico então pode, mas é fechado, mas abre, e o cheiro barato do pito e seu cheiro de barata arrependida, pequena bruxa desencantada dos contos, ela sabe que será julgada bem depois da inquisição. Para ela isso é o que importa porque criar impasses está nas veias desde a adolescência hippie pop agora tão velha como as tarântulas em suas teias, tece qualquer coisa que a distraia, para rir depois sozinha, das proezas do dia e já pensa no próximo ciclo que de desconstruções sobrevive. No Zênite, franze o nariz em seu esgar risonho, brilham os olhos dessa formosura em decadência. O distraído agoniza, desespera, pena. E ela nem desconfia que incomoda mais do que planejara porque será eterna na memória indestrutível do aço inox.

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