terça-feira, 25 de setembro de 2012

Insônia


Dona Insônia bateu a minha porta na noite passada, quando ia me deitar. 
Vim atendê-la com reserva e respeito, nos conhecemos faz muito tempo.
Ela entrou na sala como se a casa fosse dela, conferiu meus objetos com um ar de mofa, depois se sentou no sofá sem ser convidada. Sentei-me também e aguardei. Ela acendeu um cigarro e pediu um cinzeiro. Saí à procura de um pires para ela depositar suas cinzas. Inspirei fundo o aroma do vício, antevia o sabor.
Perguntei se desejava beber alguma coisa e ela deu de ombros. 
- Cerveja?
- Uma taça de vinho?
Trouxe-lhe umas trufas deliciosas e um copo de Coca-Cola. Nem tocou.
Pensei em um chá de frutas, ela agradeceu e acendeu mais um cigarro.
Para que ela finalmente fosse embora, engoli um sonífero com o vinho que ela rejeitara.
Eram mais de três horas da manhã. 

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