Escrevi pontuando, de maneira displicente e obstinada, espelho do meu pensamento, que é assim mesmo : uma contradição. Mas é que quando vem a ideia, escrevo do começo ao fim, quase que de uma vez, porque concluindo evito perder o fio. Na releitura poucas vezes substituí uma palavra, ou acentuei uma proparoxítona esquecida. A displicência é meu jeito de ser, vou jogando e brincando com a vida, o capricho não é tão importante para mim como é a sinceridade. E voce bem sabe disso.
Usei linha de algodão, que é bem macia e fica ainda melhor depois de lavada diversas vezes. Com o uso, as pontas vão se desfazendo, mas os textos não são lá nenhum pergaminho valioso. Fiz para o dia a dia, está mais para um caderno de menino hiperativo, que precisa ser passado a limpo.
Parece pouco para durar o ano todo... Mas voce vai ver que no avesso a história é outra, e outros textos serão lidos se a página estiver de ponta-cabeça. ( Ponta-cabeça é tão paulistano, acho que prefiro o nosso "mineirismo" - de cabeça para baixo.)
São para usar na cozinha, para enxugar as mãos ou qualquer outra coisa mais pungente; e para pegar a travessa quente com sua refeição.
As entrelinhas ! Quase que me esqueço delas. Ali estão alguns tesouros. Vá procurá-los se estiver triste, se a saudade doer demais, se precisar de um amigo. Coloquei ali palavras de conforto e poesia; algumas piadas e as risadas para fazer coro com as suas; e também os mimos das nossas conversas tão boas enquanto estivemos juntas.
Mas isso tudo é só o começo. Fico por aqui, mas vou continuar pontuando meu crochê.
Mesmo que seja só uma forma de passar o tempo, até a próxima vez.
Um comentário:
Titinha,
Hoje, quase um mes depois da minha partida, estou aqui de volta relendo este seu texto lindo enquanto corro meus dedos sobre seus "desenhos, suas palavras e suas oracoes". Hoje estou me sentindo triste e a saudade esta doendo muito. Suas carreiras de crochet estao aqui no meu colo me dando conforto e me trazendo a sua poesia.
Obrigada, querida.
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