terça-feira, 31 de agosto de 2010

Comparações

Já viu como são as árvores? Algumas imploram, outras desfolham e outras ainda desabam. As árvores, tão vivas, a não ser por seu carácter fixo, vivem como vivemos. Às vezes desanimadas, outras sacudidas em convulsões delirantes e outras ainda muito senhoras de si.  Eu me sinto árvore, às vezes. Quieta, muda, vencida, olho para o mundo de um pedestal ilusório e o que vejo é constrangedor. Quero crer que as árvores não pensem com frequência. Que triste seria pensar e não poder deslocar-se. As raízes pivotantes se estranhariam. Eu não estranho minhas raízes. Mas estranho poder deslocar-me.

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