segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Trânsito

Um corpo descorado desponta da penumbra quando rezo.
Olhos fechados, vejo as pálpebras róseas e translúcidas e nada mais.
Vou abri-los agora e desejo com ardor que o dia seja claro e cristalino.
Porque o céu sem cantos gira a minha volta, eu perco a direção.
Num canto qualquer da vida esqueci minha identidade e tenho que procurá-la fazendo o caminho inverso.
Por onde começo?
Retroceder, refazer os passos à procura de, enquanto o tempo continua passando, é passado? 
Procurar o que deixei, onde ainda não fui, é tempo perdido?
Entretida nas teias da retórica atravesso na passarela e vejo abaixo de mim o trânsito confuso e denso desta manhã.


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