segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pesadelo

Acordou gelada, tremia  e o coração espancava seu peito. Ouvia as batidas dentro da cabeça, estava molhada de suor. Sentou-se, levantou o travesseiro e tentou se acalmar. Era sempre assim. Quando o dia a dia importunava demais, quando a vida complicava, lá vinha o pesadelo. Muitas vezes antevia a noite e se esforçava para não dormir. Cansada, caía no sono pela madrugada e lá estava acordando do inferno. Porque para ela, que todos os dias usa o elevador em seu prédio e depois outro na escola, aquele sonho é um mistério. Será que procuro terapia, leu sobre interpretação de sonhos, arriscou um palpite. Uma cartomante lhe disse que seria feliz, viveria para ajudar muitas pessoas. Cartomante... eu estou desesperada mesmo, que diabo. Para o padre, confessou pecados que não tinha e chorou quando ele disse que bastava se arrepender e rezar a Ave Maria.
Ela rezou... e rezava antes de dormir – por favor livre-me deste sonho. Se passar uma semana sem acordar, estarei bem. Mas sonhava de novo.
Dentro do pesadelo desce pelo elevador e o espaço é cada vez mais apertado, no térreo é só um caixote e ela espremida lá dentro, agachava-se e entrava num labirinto preto, sentia as baratas até ver uma fresta de luz por onde podia escapar. Acordava sempre antes de sair completamente para a luz...

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