quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Visões

Estava muito doente, no hospital. Tomava uma  miscelânea de medicamentos pesados, fora os outros da minha rotina. Lá pelas tantas, estava sozinha no quarto e escurecia. Fazia nebulização e no meio da fumaça reparei em umas imagens peculiares. Eram flores, muitas flores que eu via na parede a minha frente e que lentamente se aproximavam, tocavam meu nariz e explodiam. De novo na parede um mosaico,  egípicios, que se aproximavam num crescendo até me fazerem cócegas. Resolvi relaxar e aproveitar o "filme". As imagens se multiplicavam e se transformavam coloridas entre o verde e o vermelho para se desmancharem sobre a cama numa sequência infinita. Achei lindo. Curti demais e mesmo depois da inalação terminada as imagens continuaram por um tempo e eu em êxtase!
Comentei com a técnica de enfermagem que a inalação tinha feito um bem enorme. Ela disse que ótimo então vamos continuar. Fiquei esperando até a próxima que coincidiu justamente com  a hora em que fui tomar banho. Oito horas depois fui até a porta do quarto que abri e ficava esperando passar alguém para reclamar desejosa: Cadê meu berotec?
Fiz muitas outras inalações sempre ótimas, reconfortantes. Mas as imagens que eu queria tanto rever, nunca mais aconteceram.

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