domingo, 6 de março de 2011

Ah, o carnaval

Estamos vendo o desfile das escolas de samba pela TV.
Há trinta anos, quando saíamos todos, jovens e em plena forma para o baile no Barbacenense, não compreendia como nossos pais e tios podiam ficar horas, às vezes a noite toda acompanhando o samba enredo dos outros. Naqueles primeiros tempos juntos, Miguel e eu vestidos de pescadores -  as roupas básicas brancas que já tínhamos, devidamente dobradas e amarradas; um chapelão para cada um e eu com sandálias de salto dez, que joguei debaixo da mesa assim que chegamos ao clube. 
A lembrança daquelas noites é intensa e viva: lança perfume e uisque, confete, serpentina e inevitáveis cacos de vidro nos pés descalços.
Ao fim do baile, enquanto a multidão descia as escadas de acesso a rua, Miguel abaixou-se para afivelar minhas sandálias amarrando de vez meu coração ao dele.
Hoje em casa  e em paz, comentamos  os erros e acertos na avenida. 
O nosso samba enredo ainda tem muitas estrofes e nosso refrão é muito feliz.  

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