quarta-feira, 30 de maio de 2012

Pré-escola

Em minha última visita ao mercado de frutas, assisti a uma cena que me deixou saudosa dos tempos em que era adolescente e ajudava a Clara nas aulas para o pré-primário na escola Rui Barbosa.
No mercado, umas 15 crianças ouviam com atenção à descrição das frutas e suas propriedades, pela professora:
- Quem sabe o que é esta fruta?
Várias vozes magrinhas e agitadas tentavam dizer em uníssono: Coco, coco! É um coco!
- Isso mesmo é um coco. Este está seco e este está verde. Quem sabe o que tem dentro dele? Ela disse elevando a mão com o espécime verde.
Silêncio, entreolhares e um deles grita levantando a mão:
- Água de coco! E os outros repetem como cara de: "É mesmo!" - Água de coco!
E a professora: - Esta fruta é muito rica em vitamina C.
- E como se chama esta fruta?
Gritinhos histéricos: Tamarindo! É tamarindo! Alguns fizeram cara de azedo, outros nunca tinham visto aquilo.
Continuaram assim por um tempo, descobrindo os prazeres e as funções das frutas.
 Há quarenta anos, experimentávamos o azedo e o cítrico antes de aprender o nome. As crianças aprendiam a ler nas cartilhas e a escrever em cadernos de caligrafia. Ouviam histórias que a professora lia a partir de um livro.
Agora, com tantas informações vindas de toda a parte, televisão, computador, viagens internacionais, celulares,  é bom mesmo que se agilize o aprendizado e que se exponham as crianças ao máximo.
Haverá um tempo em que se aprenderá a ler e a escrever pelo ultrassom, ainda dentro do útero.
Talvez eu ainda veja este avanço... Ou não.

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