Dona Insônia bateu a minha porta na noite passada, quando ia me
deitar.
Vim atendê-la com
reserva e respeito, nos conhecemos faz muito tempo.
Ela entrou na sala
como se a casa fosse dela, conferiu meus objetos com um ar de mofa, depois se
sentou no sofá sem ser convidada. Sentei-me também e aguardei. Ela acendeu um
cigarro e pediu um cinzeiro. Saí à procura de um pires para ela depositar suas
cinzas. Inspirei fundo o aroma do vício, antevia o sabor.
Perguntei se
desejava beber alguma coisa e ela deu de ombros.
- Cerveja?
- Uma taça de
vinho?
Trouxe-lhe umas
trufas deliciosas e um copo de Coca-Cola. Nem tocou.
Pensei em um chá
de frutas, ela agradeceu e acendeu mais um cigarro.
Para que ela
finalmente fosse embora, engoli um sonífero com o vinho que ela rejeitara.
Eram mais de três
horas da manhã.