-Mãe, me ajuda, tem um bicho aqui no meu quarto!
-Bicho? Que bicho?
-Parece uma borboleta, mas é tão grande!
Peguei o primeiro pano que encontrei - uma camiseta velha do Miguel e subi.
Helena tinha se escondido debaixo do edredon e estava bem quietinha. A tal borboleta parecia mais um passarinho marron e pesado, desajeitado demais para voar. Dirigi o assustado bichinho para a área do banheiro que é bem menor e onde eu teria chance de envolvê-lo com a camiseta.
- Ih, filhinha, não é borboleta nem passarinho ... é um morceguinho.
Ele estava inquieto e voava da prateleira para o basculante (que estava fechado) e dali para o chuveiro.
Eu fazia movimentos com a camiseta e tentava englobá-lo na malha, mas um sentimento de horror e susto me fazia perder a objetividade. Sempre que ele pousava era de ponta cabeça, que gracinha. Quando pousou no lustre pude vê-lo cara a cara, eta bichinho feio! Tinha um beicinho cor de chocolate e pendurado daquele jeito, balançava feito uma fruta madura. Eu que podia vê-lo tão exposto fiquei envergonhada de olhar assim abertamente algo que não me via, apesar dos olhinhos miúdos. Então abri o basculante, tirei a tela de proteção, liberei o caminho para ele. Fiz movimentos bem amplos para dirigi-lo para a liberdade que custou um pouco a conseguir até enfim voar para a noite. Espero que ele tenha encontrado sua casa. É provável que ele seja parte da família que mora no meu sótão, desde muito antes de comprarmos a casa.
Há alguns anos perguntei a um professor de veterinária como poderia dar fim aos feiosos inquilinos.
- Mas eles estão incomodando? - Disse que não; raramente precisamos subir lá, apenas tinha medo de que fossem ...vampiros?! Ele me tranquilizou dizendo que eram morcegos frutívoros e que não representavam perigo algum. E que eu os deixasse em paz.
Um comentário:
MORCEGUINHO?!
Era um morcegão assim ó!
/ o \
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