quarta-feira, 8 de junho de 2011

Dia dos namorados

Na mesa em frente a minha, na hora do almoço, havia um sujeito com um olhar inquietante. Pensei tratar-se de um distúrbio físico, alguma patologia que desconheço e fiquei até envergonhada de ficar perscrutando. Ocorre que não podia engolir porque aquele olhar torturante olhava para mim; insistia nisso.
Então resolvi encarar de frente. É assim que pessoas corajosas fazem. O rapaz devolveu a mirada com alegria e triunfo. Era a mim que ele engolia. Senti um certo empuxo mesmo, segurei firme na cadeira e olhei de volta  interrogativa. O que há com você?  Então os olhos sorriram ligeiramente. Entrei em pânico. E agora? Mudar de lugar? Desistir? Não, ora. Voltei para meu almoço que a essa altura esfriara no prato e tinha pouco sabor. Já não ouvia mais meus colegas de mesa. Meus olhos estouvados, buscavam olhar para o lado, para cima, mas os bugalhos me atraíam.
Levantei-me para ir embora com fome e certa fascinação.  Com os diabos, que falta de controle...
Ao passar pelos olhos, eles piscaram vivamente.
Então era comigo!
Voltei para o trabalho e pensava que o dono do olhar deveria estar sozinho assim como eu.
Nada mais saudável e adequado que engatar um romance, faltando poucos dias para o 12 de junho.

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