Por aqui na vida eletrônica da minha vida, tudo passa num clicar de olhos.
Na realidade, preciso tolerar uns rapazes que se alternam no piso da minha varanda.
- "E nós e nós?" Perguntam o mestre de obras e seus pedreiros. Querem receber seu troco, antes de terminar o trabalho, que a vida está custosa, mesmo com esse sol azul-cristinho, mesmo em pleno e adorado outono.
Lá vão os pedreiros bem devagar e fazem um servicinho que beira a mediocridade...
"- Fica pronto em dois dias..." - depois de uns dez dias pergunto - " E então? "
"- Complicou, tem infiltração, tenha calma, não vai demorar nada, só falta isso e aquilo, hoje mesmo termino".
Amanhã ele vai voltar, não acabou, que pedreiro aborrecido. E eu tenho que esperar para limpar só depois de lixarem tudo e a poeira é quase igual à poeira lá do vulcão chileno.
Pó, pó de tinta de parede, de rejunte, de restos de cimento. Tudo fechado mas o pó...
Tudo absolutamente hermético; por onde entra o pó? Vem pelas frestas que não vemos, pelas brisas e ventos que não sentimos; vem bisbilhotar as narinas dos alérgicos e cobrem tudo de poeira grossa e amarelada, que nunca mais vai sair, gente, nunca mais.
Então imagino nas hecatombes, meu Deus quanto pó!
Imagino desanimada, com preguiça de viver para limpar tamanho desserviço.
Felizmente, muita gente arregaça as mangas, amarra o cabelo, usa máscaras e luvas e vai trabalhar.
Cá entre nós, que bom que só tenho uma varanda reformada com seu pó atazanando.
Nada muito terrível.
Bom....tem tido o vento, umas ventanias insanas, chacoalhando os coqueiros e destelhando a vista.
Mas pode ser que eu tenha somente sonhado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário