quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Línguas


Anita acordou no meio da noite e ouvia vozes. Na escuridão escutou o Arnaldo discutindo em Japonês. Ou Mandarim? O marido gesticulava e sacudia os ombros enquanto falava. Cutucou. Nada. Esticou o pé gelado até encostar-se à panturrilha dele; nem sinal. Para evitar levar um soco se a conversa virasse briga de mão, arrastou-se para a borda da cama King size e ficou ali no cantinho esperando acabar o assunto. Engatou em um sono intranquilo e sonhou que se preparava para o próprio casamento com um oriental e todas as suas tradições.
- Arnaldo, você fala Japonês?
- Hein?
- Estava discutindo com alguém durante o sono; e aquilo para mim era grego!
(Cá entre nós, ela queria entender a conversa.)
Ele tomava um gole de café e depois sorriu e ponderou:
- Talvez fosse Húngaro.



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