Anita acordou no meio da noite e ouvia
vozes. Na escuridão escutou o Arnaldo discutindo em Japonês. Ou Mandarim? O
marido gesticulava e sacudia os ombros enquanto falava. Cutucou. Nada. Esticou
o pé gelado até encostar-se à panturrilha dele; nem sinal. Para evitar levar um
soco se a conversa virasse briga de mão, arrastou-se para a borda da cama King
size e ficou ali no cantinho esperando acabar o assunto. Engatou em um sono
intranquilo e sonhou que se preparava para o próprio casamento com um oriental
e todas as suas tradições.
- Arnaldo, você
fala Japonês?
- Hein?
- Estava
discutindo com alguém durante o sono; e aquilo para mim era grego!
(Cá entre nós, ela
queria entender a conversa.)
Ele tomava um gole
de café e depois sorriu e ponderou:
- Talvez fosse
Húngaro.
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