terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O berne da questão


É sempre assim!
Quando Helena vem "buscar fogo" no Rio - estilo bate e volta - ainda no vácuo de sua ausência, começo a procurar sarna para coçar.
Desta vez coincidiu com a tragédia em Santa Maria, e sei que todas as pessoas que têm filhos adultos jovens, começando a viver plenamente, se colocaram no lugar daquelas que perderam seus queridos.
Estive mais introspectiva e sensível; é quando começo a procurar.
Sofro pela lagartixinha sem o rabo que corre pela parede e se esconde atrás da gravura.
Investigo uma velha cicatriz no braço do Miguel, estaria a ferida se abrindo novamente?
Vou lá fora e chamo o cachorro. Vasculho cada centímetro de pele, limpo as orelhas com esmero, abro-lhe a boca: - ahhhhhh.
Cismo que se coça demais no pescoço. Agora está lambendo a pata que coçou o pescoço! Meu Deus, com certeza é berne!
Busco meu arsenal investigativo, raspo os pelos da região - a pele fica vermelha, escarificada e poreja micro gotículas de sangue.
Procuro a abertura por onde a larva respira e nada encontro. Cutuco, aperto, espremo, sinto que a pele está espessada!
Estou perdida. Começo a tratar assim mesmo, coitado.
Depois, exausta, venho aqui para o meu canto e choramingo um pouquinho de saudades.

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