quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A nuvem


Do ENIAC até aos notebooks atuais já se passaram sete décadas! 
Daquele ser abstrato, enorme, relacionado às viagens espaciais, para a facilidade atual, de cada pessoa da família ter seu próprio instrumento, só se passaram setenta anos.
Quando minha filha nasceu, o quarto onde ficava nosso monstrinho digital foi todo remodelado para ela e o computador foi relegado a uma pequena sala que anteriormente eu usava como atelier.
Bem, não sou boa com máquinas, mas tenho um companheiro que dá baile em muito técnico de informática. Quantas vezes o acordei de madrugada porque o computador retrucava inclemente ao meu comando:
“It’s not a logical expression!"
Muito devagar fui aprendendo e esperava o dia em que iriam finalmente criar uma caneta para se usar em uma superfície lisa e que pudesse ser transferida para o computador. O mouse nunca se prestou ao desenho.
A primeira tablet disponível no mercado, eu tive! Foi um presente e tanto!
Mas a caneta era presa à prancheta, pouco sensível e o desenho perdia o movimento e a sensibilidade.
Voltei ao papel.
Também antecipei o lançamento do porta-retratos digital; passava nas lojas e perguntava:
- Vocês não teriam uma moldura com tela onde se pudessem colocar as fotos de um arquivo eletrônico?
- Isso não existe!
Saía da loja frustrada e pensava:
- Mas vai existir!!
Hoje é tão comum que já devem estar inventando um porta-retratos digital em 3D!
No fim do ano passado, estive às voltas com um texto de mais de 60000 palavras. Salvei algumas versões e pasmem! Desgraçadamente, não salvei em uma pen drive.
O computador, de uma hora para outra, desistiu de viver, em um piado tristonho.
O técnico virá hoje trocar alguns componentes. Torço para recuperar meu arquivo.
Conversando sobre isso com minha irmã Beré, ela aconselhou:
- Tita, use a nuvem! Você pode acessar de qualquer lugar em qualquer computador!
Confesso que não estou muito a vontade com a tal nuvem.
E se ela de repente chover todas as minhas palavras?

Nenhum comentário: