Nem bem a Nona exalou pela última
vez seu elaborado suspiro, a Nora e a filha mais Nova se engalfinharam às
portas da funerária.
- Nova – disse a
Nora – A Nona me presenteou com aquela baixela de prata que fica sobre o
aparador faz dois anos, tá?
- Eu, hein, não me
lembro de ela ter falado nada...
- Juro por esses
olhos que a terra há de comer!
- É relíquia da
família, e só sai da casa por cima do meu cadáver!
Era tamanha a
presença da morte, que ali não se falava sobre outra coisa.
Depois do enterro,
olhos cobiçosos variam cada centímetro da propriedade.
- Essa porcelana
inglesa, esse jogo de jantar é meu!
A Nora e a Nova,
cada uma a segurar por uma alça da sopeira, por fim deixaram-na cair e se
espatifar no porcelanato.
Muitas cacos
depois, cada uma juntou seus trapos e foi chorar num canto, saudosas da
matriarca que era um verdadeiro rei Salomão.
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