quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Ansiedade


Estremeço sempre que penso em todas as boates que frequentei, nos bares, jantares, festas infantis. 
Viajar de avião: Quem nos leva é um grande desconhecido, qualificado, mas uma pessoa. O que nos leva é um instrumento, revisado por outro desconhecido, também humano. Olho para trás e me surpreendo de ter escapado tantas vezes de possíveis catástrofes, ou acidentes banais pela vida afora que poderiam ter mudado o curso do meu rio.
O destino, este pecador mortal, parece brincar com a nossa sorte, é aleatório, impessoal. O destino resolve:
- Agora vou escolher... Aquela moto amarela. Pronto! 
Um rapaz atropelado, talvez com sequelas, talvez dependente, melhor morrer.
E se quem dirige este ônibus, que transporta passageiros de pé, esteve insone, tomou um remédio de tarja preta, fora do prazo de validade, que a mulher encontrou na gaveta da patroa e decidiu experimentar.
Quem sabe com quantos me encontrei pelas ruas, quantos cumprimentaram de passagem e já embarcaram?
Agora que temos todos mais tempo para viver, talvez devêssemos alinhavar nossas páginas já lidas, todas juntas.
Jamais voltar a ler o que passou, não bisbilhotar nas entrelinhas.
O susto de ter sido dispensado pela sorte tantas vezes poderia ser fatal.

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