segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A fonte

"Deixa-me, deixa-me fonte, dizia a flor a chorar, eu fui nascida no monte, não me leve para o mar." Este verso de Vicente de Carvalho, que aprendi e decorei quando era ainda menina, desde ontem não me sai da cabeça. Ocorre que me sinto assim, levada pela correnteza, eu e outras florezinhas.
Bonito e bucólico é o monte; e o mar também tem seus encantos. Mas é muito triste ter que partir. Quando penso na flor pálida, sendo levada assim de roldão, lembro-me da Renata, aquela de nós que sempre parte para poder voltar. Talvez viver julho fosse menos intenso se morássemos todos próximos, se nos víssemos sempre. O relevo acidentado dessas férias sempre machuca e dói quando vai acabando...
Outra poesia, esta do Gonçalves Dias, assim expressa a dor de separar-se: Debruçada nas águas de um regato, a flor dizia em vão à corrente, onde bela se mirava: "ai, não me deixes não". Comigo fica ou leva-me contigo, dos mares à amplidão... e assim vai mostrando, linda e tristemente que a roda viva é inexorável. Algumas flores querem ir, acompanhar as águas. Outras querem ficar, cansadas que estão de chegadas e partidas...e eu, entre uma flor e outra, sou das que preferem ficar aqui.

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