Era em um casarão que servia de ateliê de pintura e onde tínhamos aulas com profissionais de muito gabarito. Eu ia pintar quase sempre e no dia de aula chegava antes do professor.
Um dia ele capitulou: Fez uma cópia da chave para mim; e quem quisesse pintar durante a semana ou mais cedo no dia da aula, saberia que eu estava lá. Os planos de cada aluno eram variáveis, mas eu tinha uma companhia infalível. A Ana! Cada uma em sua parede, pintávamos telas enormes e nossa comunhão pairava ali no ar carregado de cheiro de tintas e solventes.
Bons tempos!
Mas mudamos.
Eu de cidade e ela de país.
Eu de profissão e ela de perspectiva.
Se antes pintava telas enormes - em tecido preparado para pintar e esticado nas paredes com grampos ou pregos - que eventualmente eram enquadradas - passou a pintar pequeno, com se olhasse lá das nuvens. É como se ela estivesse um tanto mais afastada das imagens que tem para compor seus quadros.
Lindos, coloridos, felizes!
Eu sei porque; e ela também sabe.
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