quarta-feira, 11 de julho de 2012

Compotas


Há alguns anos, em uma de nossas viagens a Minas, fizemos uma pequena pausa perto de Barbacena, onde o Miguel encontrou um amigo dos tempos de ginásio. Enquanto eles conversavam circulei entre as prateleiras e desencantei potes de vidro com gostosas compotas. Achei tantas delícias que em pouco tempo a cesta pesava demais. Deixei encostada em um canto - queria ter a placa: “não é devolução" por perto - peguei outra cesta e recomecei, claro.
Doces compras no bagageiro, lá fomos nós estrada afora.
Distribuí algumas entre os amigos do Rio e comecei a degustar uma goiabada mole com  o queijo Canastra. Passei por todo aquele processo de abrir a lata, batidinhas aqui, uma ponta de faca, chave de fenda. Por fim abriu-se e minha boca se encheu de saliva só de sentir o cheiro bom.
Depois guardei o pote na geladeira para evitar as formigas que também gostam de doce e ferroam bem dolorido.
O pote já ia pelo meio quando tentei abrir e não conseguia. Intrigada, retomei todo o processo. Batidinhas, ponta de faca, água quente na tampa, água fervendo na tampa e depois mergulhei o pote todo, queimei as pontas dos dedos; e a tampa impassível.  Quis jogar no chão, mas não gosto dos cacos...
Esperei com impaciência a volta do Miguel do hospital. Ele tem mãos de ferro, parece incrível, mas consegue manter a mão fechada mesmo com a pressão máxima no manguito do aparelho; e como sempre conto com ele...
Assim que chegou entreguei o pote. Ele pegou e abriu como se fosse uma bobagem.
Ele é quem tinha fechado da última vez.




Nenhum comentário: