Esfregava as mãos. Estava frio, mas era o
estresse que manipulava seus dedos. Não tinha para onde ir; e a escadaria do
fórum era grande demais, as portas muito imponentes, de mogno. No corredor ia e
vinha e dissimulada, encostava um ombro ou outro na parede. Se pudesse ser
invisível – ela quase era – talvez sofresse menos.
Muitas mulheres vistosas de terninho e
escarpim circulavam com rapazes ou senhores formais ou austeros.
Por trás daquela cortina havia um entreato.
Na luta pela guarda da criança quem menos a
queria era a genitora.
O filho recém-nascido foi cedido à senhora
que por mãe se tomaria até que a outra, desregrada, fosse libertada.
Seriam os laços genéticos intensos o
suficiente para que ele a descobrisse entre tantas outras mães? Entre juradas,
advogadas e mulheres comuns que trabalhavam? Que utopia. O moleque não a
reconheceu.
Quando se separaram muito cedo na vida dele,
não havia amor confesso. Grávida, ela andava pelas ruas, num desatino de fome e
pobreza.
Por ela era melhor não tê-lo.
Mas agora, em liberdade, aquelas mulheres de
terninho insistiam com ela que deveria requerer a guarda que ela mesma não
queria. Quase ninguém aceita que uma fêmea seja assim, desnaturada.
Do outro lado, uma galinha carijó defendia às
bicadas, seu rebento adquirido.
A mãe biológica não se importava. Para o
próprio filho e para ela, seria bem melhor que a outra tivesse razão.
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