quarta-feira, 18 de julho de 2012

O cão e a ferida cirúrgica


O Haus foi operado ontem de um pequeno tumor no pescoço. O cirurgião fez um corte enorme, de uns dez centímetros, preocupado com a possibilidade de ser maligno. Enquanto o material segue para o anatomopatológico, estou aqui cuidando dele. Mas o curativo não fica no lugar. Ele sente o micropore na pele e começa a lamber e a coçar com a pata traseira... Um problema.  Ontem fiz uma antissepsia e coloquei uma faixa envolvendo o pescoço e a ferida cirúrgica. Não deu muito certo, em pouco tempo estava tudo amarfanhado, provavelmente por eu não ser muito caprichosa com faixas; vou enrolando de qualquer jeito. 
E cada vez que mexo com ele é um custo para ele "esquecer" do curativo. Como alternativa, cortei umas camisetas velhas e enfiei a pata em uma das mangas e a gola no pescoço. Ficou esquisito, nada elegante, mas pelo menos a ferida está protegida da terra, da chuva e dos infernais mosquitinhos. 
Bem, hoje, passado totalmente o efeito da anestesia ele está ali fora em seu tapete e posso vê-lo pelo menos em parte através dos vidros das janelas da sala. Enquanto trabalho em meus textos posso observá-lo de tempos em tempos. Agora mesmo, com o canto do olho percebi um movimento de lamber e já dei logo uma bronca: - Haus!
Ele levantou prontamente a cabeça e parecia dizer: - O quê?
Ficou um pouco quieto e depois lambia de novo. 
- Haus, não pode mexer! 
Vi que ele estava babando muito e concluí que deveria ser pelo gosto do antisséptico.
Fui lá conferir.
O coitado estava bebendo água!

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