quinta-feira, 30 de abril de 2009

A queda

Tropecei e caí hoje, enquanto corria. Adultos deveriam ter uma proteção espiritual contra quedas. Dói muito mais agora que quando criança, talvez porque, aos cinquenta, não dê para ficar debulhando lágrimas. Levantei, limpei a areia e as pedrinhas (sim, pedrinhas, ai*) e voltei a correr. Esfolei os dois joelhos, as duas mãos, o quadril, o peito, o ombro e a bochecha do lado esquerdo...
No momento da queda, já estava arrependida de estar correndo, estava tão perto de casa.
Amanhã vou correr de novo! De birra.

domingo, 26 de abril de 2009

O tempo...

Embalada nessa roda viva temporal, atravesso a mesma melancólica paisagem, mais uma vez.
No meio das tardes, sei que estará tudo bem se eu passar assim por aqui muitas vezes mais.
Quer dizer que estive com ela, que pude cheirar as dores e desconfortos, quase como um cão molosso. Pude cozinhar para ela, pude conferir as pintas e sinais e ouvir as risadas, coisas que vão ocupar minhas lembranças até a próxima vez.
Boa viagem, Pequena, bom destino, boas semanas...
Em sua roda viva ainda selvagem muitos pequenos ajustes serão burilados pelo tempo.
Sempre o tempo. Que já andou limando minhas arestas e até hoje anda...

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Um carinho de fim de tarde

O Miguel às vezes me liga enquanto volta pra casa.
No trânsito infernal das dezoito horas na linha amarela, ele me convida para ver o por-do- sol...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

meiairelpiú?

Não, não, sou daqui mesmo, do Brasil, mineira de Uberaba. O sotaque estranho é uma mistura de sotaques de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro. Quase uma nova lingua. Dezoito anos em um, vinte no outro e, bem estou vivendo aqui no Rio faz pelo menos uma década.
Sempre me perguntam isso, se sou italiana, francesa, americana. Não sei se é meu pescoço comprido, se é minha postura ou meu tamanho.
Teve um dia que íamos almoçar fora, Miguel e eu. Tínhamos colocado nosso nome na lista, longa lista de espera. Mas depois de duas horas fui lá conferir. E o maitre, todo empostado perguntou: meiairelpiú?
Pois é. Fiquei sem graça e do mesmo jeito que entrei, saí. Sem abrir o bico. Fiquei com vergonha por ele e por mim. Afinal, em que língua eu deveria ter respondido?

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Mangueira

Queria falar sobre uma mangueira que desejo muito. Ela só cresce e frutifica no Triângulo Mineiro, onde eu também cresci. Já trouxe mudas, já trouxe as mangas e segui a receita do meu irmão especialista em "fazer vingar os pés de manga Sabina". Segundo o Marcos, é preciso deixar o caroço bem branquinho, o que significa passar um hora chupando os fiapos, encanecendo a loirice da fruta. Depois deixá-la secar completamente, ao sol, no seco até esturricar. Aqui no Rio é uma tarefa dificil porque a umidade relativa do ar sempre alta, torna até o respirar normalmente mais trabalhoso. Mas, a gente se acostuma.
Preparam-se a terra e o vaso onde colocaremos o caroço. É preciso colocar o caroço branco e seco, meio inclinado e deixar o ponto do talo bem na superfície da terra do vaso, quase descoberto. Entenderam ? Pois é! Eu fiz, direitinho, mais de uma vez...Até o cão chupou manga, pena que mastigou o caroço...
Na última tentativa, brotaram!!! Uma pequena folhinha meio enrolada dentro de si, se abriu, se esticou e outras folhinhas nasceram e depois dois brotos no mesmo caroço. Ainda segundo o Marcos, na hora de passar a mudinha para o chão é preciso desprezar o broto menor ... Isto feito, plantadas no chão bem preparadinho para elas, desenvolveram, a princípio envergonhadas, mas em menos de um mes estavam muito bonitas.
Sucesso?! Que nada. Em pouco tempo foram definhando, caule fraco meio seco até morrerem definitivamente. Bom, desisti. E pensei, tentando me consolar, que esta manga tem gosto de Uberaba, de estar em família, muita gente falando ao mesmo tempo, naquela mesa em que "ele sentava sempre" e a gente se empanturrava de manga Sabina...
Hoje fui lá no quintal ver como vão meus pezinhos de pimentão vermelho e meu pezinho de limão galego e vi! Gente, a mangueira ressuscitou. Lá está, onde tinha sido plantada uns seis meses atrás, linda, cheia de folhas novas ainda enrugadas e acastanhadas e transparentes.
Aqui no Rio, até as mangueiras se acostumam...

domingo, 5 de abril de 2009

Sem comentários...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Pra ninguém mexer

Fui mexer em umas caixas que estavam guardadas escondidas para ninguém mexer. Geração espontanea de uns trocinhos muito muito pequenos com cara de microformigas. E ai*, elas picammm. Joguei as caixas fora e o conteúdo, guardei no sótão. Para ninguém mexer...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Conforto

Saí cedo, fui buscar um pouco de ar na beira da praia. Estava chovendo e chove ainda. Mesmo assim foi inesquecível. Descobri que eu posso! Posso quase tudo agora, inclusive correr desabaladamente. Zona de conforto, posso relaxar.