segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Cartas

Bons tempos aqueles que que se escreviam cartas de próprio punho, com a letra carregada de emoção e direito a rasuras e rabiscos.
Dependendo do assunto, da formalidade da relação, era preciso passar a limpo com todo o cuidado para não errar uma segunda vez.
Assim era possível corrigir eventuais erros de concordância ou grafia, que por descuido pudessem ter escapado.
Era bom receber uma carta com o cheiro de tinta e as vezes algum borradinho de café ou chocolate.
O querido amigo estivera com aquele mesmo papel nas mãos, o trabalho todo estava ali, vivo, com suas impressões digitais inclusive.
Em tempos modernos as conversas fluem muitas vezes mais rápido que a capacidade de raciocínio e escrevemos tantas bobagens...
Quem nunca se arrependeu de ter acabado de enviar uma mensagem?
Às vezes gostaria de rabiscar toda uma frase, apagar até mesmo da minha memória um texto tão inoportuno.
Sou da geração da transição.
Quem nunca escreveu uma carta de próprio punho nem vai compreender!

Um comentário:

marcia szajnbok disse...

sim... cartas com cheiro de tinta ou perfume do remetente... marcas de café, marcas de batom... era bom esse tempo em que tínhamos a ilusão de poder reter o tempo em pedacinhos concretos de papel-memória... hoje não há mais espaço pra esta ilusão... the dream is over, mesmo... que pena!