segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Bonequinha de louça

-" A sua bonequinha veio ontem passar umas horas comigo. Que gracinha!"
Foi  assim que mamãe falou  quando telefonei para saber notícias.
Feliz por saber que ambas, minha mãe e minha filha estão bem, fiquei aqui divagando:
Seria de louça a minha bonequinha? As bochechas sempre muito coradas, o brilho nos olhos...
Bom, para ser de louça, falta-lhe a fragilidade. Ela é durona!
Se fosse de pano teria uma rusticidade que ela, muito sofisticada jamais teria, nem mesmo se estivesse aos trapinhos jogada no chão.
E se fosse de plástico ou de borracha? Tive uma assim certa vez, de plástico duro, com olhos e cabelos pintados, pobrezinha, que lástima! Mas deu-me tantas alegrias... E compartilhei com ela tardes tristonhas, quando sentia que também era feita de material inflamável...
Também tive as barbies do meu tempo, mocinhas com peitinhos e olhos maquiados, em nada parecidas comigo, mas eu gostava de fingir. Estas não eram minhas filhinhas, eu fantasiava que eram as namoradas do meu irmão.
Mas, gostava mesmo era das bonecas bebês... Sempre quis cuidar, ser mãe.
Trocava fralda, dava banho e bronca e todo mundo ficava feliz.
As bonecas porque não tinham alternativa e eu porque tinha muitas.
Mas a minha bonequinha de verdade é feita de éter e de luz.
Só a vê quem pode ver de dentro para fora.
Só quem a vê por dentro reconhece um coraçãozinho de louça.


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