quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A morte e a morte dos animais

O que teria disparado a compulsão dessa mulher que matou tantos animais?
Quero acreditar que exista bondade nela, todos somos bons de alguma forma.
Pensei sobre o assunto nesses últimos dias e me sinto exausta porque não compreendo completamente; e quando me lembro meu coração descompassa.
Talvez para ela, o morrer estivesse vinculado à única salvação possível do espírito desses animais sem dono e sem destino. Não penso em defendê-la, mas tento justificá-la. Sinto que uma grande comoção deve ter rompido as comportas de seu coração com certeza muito frágil.
O ato da eutanásia,  feita por veterinário gabaritado que já concluiu que não há retorno, somente dor e desconforto, é muito doloroso para o  profissional também.
Na sala de necrópsias, analisei muitos animais  de diversas espécies e que morreram das formas mais variadas, deste por envenenamento até  por velhice. Mesmo depois de mortos os bichos nos contam sua história de amor e experimentação da vida. Em geral é possível ver as cicatrizes das batalhas que venceram.
Mas é sempre muito triste...
O que é paradoxal  é esta senhora ter tratado os corpos com tanta falta de respeito, jogando fora em um ambiente público, ainda que na lixeira. Talvez considerasse que depois de mortos eram meros objetos.
Há tanta  histórias de maus tratos e violência  a animais e  a pessoas de alguma forma fragilizadas: crianças, idosos, doentes....
Quero acreditar que neste caso, de uma forma patológica ela pensava que os salvava de mais sofrimentos.
É assim que quero pensar.
Porque pelo menos nos contos de fadas sempre temos um final feliz.

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