Atrás da minha cabeça há uma sequencia de bolhas médias quase do mesmo tamanho, azul-marinho e cintilantes. Reparo que são as dos anos das grandes depressões... Como estão atrás de mim e tenho que me contorcer para vê-las, vou deixar estar, não preciso delas, preciso?
A bolha dos vinte e nove parece uma bola de gude, brilha! Foi quando tive Helena, foi quando tive a certeza de ser completamente, foi quando mais me amei na vida, quando mais amei viver.
Alguns anos mais pesados flutuam à altura dos meus joelhos. Vou chutá-los todos, que desapareçam.
Também posso explodir todos eles com a ponta de uma tesoura, já fiz isso antes.
O que me impede de repetir este ato tresloucado é não ter certeza do que vai sobrar...
E se eu também, aos 53 for apenas o desalento de balões estourados, prostrados no chão?
Vou deixar as 53 bolhas por aí...
Depois desta brilhante conclusão só me resta ir até a cozinha e fazer uma limonada.
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