O diagnóstico: vamos precisar quebrar tudo. Perguntei sonada e infeliz: -"Agora?"
Não, avisaremos.
Depois que saíram joguei-me na cama para tentar recuperar o sonho e o bom humor. Mas o fiapo de recordações esvanescera. E compreendi que meu dia começara à revelia e que tinha que ir vivê-lo para que o mundo não se acabasse naquela tomada chorona. Comi uns biscoitinhos esfarelentos da padaria e fui trabalhar pela última vez nesta semana, naquela casa. Todos os funcionários da minha sala serão deslocados para a nova unidade, que fica na rua de cima e que, lá nas alturas, tem um cenário deslumbrante. A não ser pela porção mais à esquerda da vista de quase 180 graus, onde uma favela insiste em florescer colorida e trágica, veem-se floresta, monumentos, mar e lagoa. É de tirar o fôlego. Sei que ali, jamais me sentirei sozinha, basta dar com os olhos no mundo para perceber o aconchego e o balanço da intrincada rede que move a cidade. Entretanto, ainda era manhã quando um vento sudeste veio cobrir de nuvens cinzentas e pesadas meu alento e como um quebra-luz entardeceu mais cedo.
Tratei de trabalhar com afinco e zelo mas sem paixão.
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