terça-feira, 2 de agosto de 2011

Uns anjos

Bem longe daqui, onde as estrelas são enormes e quentes, brilha uma lua pálida.
Os anjos que moram lá acendem velas votivas ao deus que ainda criança transformava  pedras e pó em planetas e seres mágicos.
Conheço esses anjos, tem sentidos restritos, eles não falam, só escutam e sofrem se ouvem falar de maldade e traição.
Alguns são tão pequeninos que se confundem com as joaninhas e se espalham entre elas num alvoroço festivo. São eles que dão as cores aos insetos e às aves.
Já reparou nas cores dos bem-te-vi? Já ouviu o tom amarelo dourado do canto do sabiá?  E o topete vermelho dos quero-quero, por mais que misture as  tintas não consigo criar tal cor.
Por não terem voz, os tais anjos se expressam  mais intensamente com as cores e com o brilho das velas.
Mantém em segredo suas pequeninas aflições, por que existem, quem os criou?
Meus anjinhos, não se perturbem. Fui eu quem os criou. E se existem e tem voz ativa ainda que em  tintas é que ando precisando mesmo de uma fantasia.  Para tornar meu dia calmo e simples numa miríade de luzes e cores.

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