E agora? Faz frio, o céu nublado-enxaqueca, uma claridade artificial...
É que estou infeliz com nossa condição na cadeia alimentar; estar no topo significa que dependemos das vacas, peixes e galináceos para obtermos a proteína de cada dia.
Acho que seria uma libertação poder ter um rúmen opcional e toda a engrenagem metabólica bovina para transformar capim em músculo. Até mesmo aquela mastigação involuntária dos herbívoros parece-me mais nobre que matar os bichos para comer e completar nossas necessidades.
Os mais descolados e os alternativos vão falar dos benefícios da soja e das dietas pálidas e verdes que também podem promover o bom funcionamento do organismo, sem matanças.
Os mais extremistas, que não comem sequer produtos de origem animal, têm seus motivos e eu respeito.
Mas acho muito difícil resistir aos bolos e doces que no mínimo levarão ovos e leite.
Depois que parei de fumar, quando passo por um infeliz que acabou de voltar da rua onde alimentou o vício, tenho aflição de eventualmente ter cheirado assim, rançosa e fúnebre.
Compreendo a confusão de um vegan quando passa por acaso em frente a uma churrascaria.
Eu prefiro as carnes magras e brancas mas de tempos em tempos acho uma delícia uma picanha mal passada, temperada somente com sal grosso.
É claro que nesses momentos, distraio minha consciência, tomando uma caipirinha e alguma cerveja para completar meu pacote de desvarios.
Quando acordo do sonho vermelho, com uma certa tristeza volto às carnes brancas e ao consolo dos cereais, grãos e verduras, consciente de que essa paz é temporária e que qualquer dia vou me render novamente aos apelos dos sentidos mais viscerais.
Carne vermelha é um vício também...
Pelo menos, dos males o menor.
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