segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra

Certa vez houve um banco de areia na beira da praia que apareceu da noite para o dia e se instalou como um  totem.
Quem via da cidade não se importava porque estava longe e parecia natural.
As ondas rodeavam o totem, porque para elas era mais fácil contornar que vencer.
Dois meninos combinaram:
-  Vamos devolver a areia para o oceano e fazer um braço de mar onde agora está o monte.
E começaram. A princípio com  canequinhas, depois mudaram para baldes.
A meio do caminho entre devolver a areia  e trazer a água, eles se encontravam e contemplavam um o trabalho do outro. Por muitos anos trabalharam nisso.
Outras pessoas vieram e viram e não viram sentido e se foram.
Porque o sentido só existe para quem está envolvido no projeto.
Então a vida que tem tanta pressa gritou para que largassem tudo e pegassem o trem.

Certa vez houve um braço de mar na beira da praia, que se instalou como um rabisco na paisagem.
Outros meninos combinaram:
- Vamos devolver este braço de mar para o oceano...

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