quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A bela e a fera

Era uma figura escura, suja e sebenta. Usava muito cabelo em todo o corpo e cabeça e a barbicha do bode. As mãos gordinhas, unhas enormes à direita. Era baixo, bebia muito, fumava muito, comia demais e depois, meu Deus, chupava os dentes.
E ela, moça tão bonita e gentil apaixonou-se. Mas não por ele, por si mesma.
Quando se olhavam no espelho, prontos para a noite, era a bela que ela via. E o contraponto, tão horrível besta, só aumentava seu prazer em ver-se.
Mas desta fera não escapará. Ao revés da fantasia, a realidade desfigura o belo a cada instante, até que um corpo amorfo e indolente e as sombras do que foi nem se olham mais.

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