terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Despedido

Despedido.
Lá fora o rapaz denso como uma estrela de neutrons caminha sob a chuva forte e não sente. Voltou-se para dentro e procura o buraco negro onde devem estar todas as respostas. Respira sem consciência e pára no farol aguardando o trânsito. Na faixa de pedestres chuta um papel molhado que gruda em seu sapato e segue pela avenida agora encharcado e ignorante. Os assaltos continuam ocorrendo por perto. Centenas de pessoas saem do buraco do metrô, abrem seus guarda-chuvas e atrapalham quem vem atrás. O tumulto é inevitável mas ele passa ao largo, desdenha a multidão. Segue bem rápido agora e se perde na densidade de sua chuva que nunca terminará.

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