Ela conta que às vezes a mãe delira e vai conversar com os bichos, parece que sabe o que sentem, ou sente o que os bichos sabem.
Essa mãe, essa mãe, nunca deixa de desejar.
Quer o ninho aquecido, os filhotes com biquinhos abertos.
Quer fazer uma festa de criança, dessas de encher os olhos, linda na música, no tema, nos arranjos. Faz tempo que não contrata o dono do compressor de ar para encher os balões e cadê o fôlego?
Faz tempo que não ouve o professor de música com seu violão a ensinar a menina na sala de estar.
Levar ao shopping, à academia de dança, ao jogo de vôlei. Não mais agora.
Faz tempo não ralha por causa da toalha molhada no chão do banheiro.
E a hora de dormir? Como pode interferir agora?
São lembranças boas essas, aquecem o ninho vazio, confortam.
A mãe e essa menina já crescida não brincam mais de "me lembra".
Mas as duas se lembram de como era bom!
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