domingo, 22 de maio de 2011

Ver o mundo

      Ah, mundo, faz isso não, abra a porta para eu entrar.
Se não for a porta pelo menos uma janela, um basculante que seja, eu preciso ver de fato.
O que vejo daqui, das telas de tv e computador, não tem os cheiros que preciso, nem os sabores de dar água na boca. São imagens esterilizadas, e a emoção que sinto é emprestada dos filmes ficcionais ou não.
    Olha mundo, entre você em minha casa, eu que chamo todos para as visitas do ano, entre por minha porta de madeira, aberta, pelas frestas das janelas, pelas passagens das goteiras do teto. Traga seu hálito fresco e novo e sua pulsão de vida. E com a água das chuvas interrompa esse marasmo, faça-me irritações de toda espécie, liquide de vez a anestesia da minha língua e minha falta de tato.
   Outono do mundo pode entrar e traga suas folhas douradas. Vão sujigar meus medos de pequenos insetos.
   Mexa comigo, mundo. Faz-me viver.



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