domingo, 1 de novembro de 2009

Brigadeiro

Quem comeu meu brigadeiro? gritou a menina ao aparecer na porta da sala.
Não dá para guardar nada para depois nesta casa, droga!
Estava em cima da geladeira, perto do pinguim e do açucareiro!
Ninguém ouvia, parece. Dos 5 que estavam na sala, um mexia no dedão do pé, o outro via TV e as meninas montavam um quebra-cabeças enorme sobre a mesa de jantar.
Esta mesa só era utilizada em festas, que já não aconteciam ali, nestes tempos secos, de contenção e a mãe permitira já que, depois de montado, seria um lindo castelo e ela queria emoldurar.
A menina, emburrada, deixou o corpo cair sobre o sofá, ao lado do irmão. Sentia a garganta raspando e continha o choro.
Aprender a guardar. Como é difícil. Mas nada se compara ao prazer de lembrar que há um doce, um mimo esperando por você, um ou dois dias depois.
A menos, é claro, que a mão furtiva e adolescente que usa anéis prateados tenha transferido para a boca gulosa o achado delicioso.

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