quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Tudo jóia

Há alguns meses, participei de uma festa onde estava a maioria dos nossos amigos. Em meio a muita alegria e disposição, conferíamos as diferenças de cada um, mais gordo, mais magro, mais velho, esticado, enrugado, tudo muito realçado pelas roupas elegantes e adornos delicados. Ali estava o melhor de cada um. Enquanto circulávamos pela festa distribuindo beijos (dois) e elogios (vários) dei-me conta de que por aqui ainda se usa a expressão - Tudo jóia? Lembro-me de que era um cumprimento comum nos meus idos vinte e poucos anos, mas como passei uma temporada estudando com gente bem mais jovem, tinha perdido o hábito de ouvir.
Nesta festa, entre pessoas de meia idade bem sucedidas, o "tudo jóia" era geral. Até eu me peguei falando tudo jóia lá pelo meio da festa.
Muitas pessoas exibiam suas jóias e aí a expressão era ainda mais feliz.
Em tempo de contenção de despesas, o mundo preocupado com o que há de vir, somado aos riscos de ser assaltado, usar jóias passou a ser mais que ostentação, uma burrice.
Comprar jóias então só é viável para aqueles que desprezam o serviço de bordo da primeira classe das frequentes viagens ao exterior, por uma boa noite de sono.
Ainda assim, bem escondidinho, todo mundo tem umas jóias de família, que são guardadas pelo valor afetivo muito mais do que pelo valor efetivo.
As jóias voltaram a ser os tesouros escondidos ou perdidos da época dos piratas.
E quando podemos vê-las assim, em dias de festa, só nos resta mesmo dizer com segurança: "Tudo jóia!"

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