- " Vem cá, meu docinho", ouvimos de uma baiana magra, simples, de uns 30 anos. Foi chegando com um prato de plástico azul cheio de ração e muitos ossos de frango. A cadela levantou com dificuldade, chegou perto do prato, deitou-se e começou a comer os ossinhos, mastigando com vontade. Não parecia estar faminta como meu pobre cachorro, que está em dieta. Aquele encontro era uma rotina. Foi comendo devagar, escolhendo no prato. A baiana, enquanto isso, falava com ela e conferia tudo, a barriga, as orelhas, os dentes. Conversava normalmente como se falasse com uma boa e querida amiga. Quando sobrou só a ração, "docinho" parou de comer. Bahiana ralhou com ela - "quer dizer que você só come osso e carne! Assim não dá, precisa comer a ração". Com um garfo, pegava alguns grãos e tentava dar de comer à cadela, que já estava mais que satisfeita. Ficaram as duas conversando mais um pouco. Quando a cadela voltou pro seu canto, Bahiana sumiu, deixando por ali o prato com ração. Daí a pouco ela volta e traz nos braços outra cadela do mesmo tipo, mas meio sarnenta e recém- parida. Bahiana falava com o motorista de táxi da praça - "Pois sabe que ela resolveu parir no fundo daquele terreno baldio, cheio de entulhos e mato com espinhos. E queria que eu entrasse lá, para ver os filhotes, vê se pode. Assim que eles estiverem crescidos, vou arranjar a castração."
Nisso, a cadelinha branquela mastigava com prazer a ração do prato azul. Comeu tudo enquanto Bahiana apertava-lhe as tetas cheias de leite, procurava carrapatos e falava com ela. Quando uma terminou de comer, a outra encheu o prato azul de água; a cadelinha bebeu bastante. Só quem já amamentou pra saber a sede que dá.
Ficaram por ali mais um pouco e do mesmo jeito que chegou, foi-se embora a baianinha.
Miguel e eu, hipnotizados com aquele amor, mas já descansados, fomos almoçar moqueca de camarão.
Nosso Senhor do Bonfim certamente abençoa essas criaturas do mundo e da complacente Bahia.
Nisso, a cadelinha branquela mastigava com prazer a ração do prato azul. Comeu tudo enquanto Bahiana apertava-lhe as tetas cheias de leite, procurava carrapatos e falava com ela. Quando uma terminou de comer, a outra encheu o prato azul de água; a cadelinha bebeu bastante. Só quem já amamentou pra saber a sede que dá.
Ficaram por ali mais um pouco e do mesmo jeito que chegou, foi-se embora a baianinha.
Miguel e eu, hipnotizados com aquele amor, mas já descansados, fomos almoçar moqueca de camarão.
Nosso Senhor do Bonfim certamente abençoa essas criaturas do mundo e da complacente Bahia.
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