Usei todas as receitas que as pessoas que não fumam e as que pararam de fumar me aconselharam.
Intimamente sentia que era importante manter as mãos ocupadas, já que, se estava distraída com alguma coisa manual, o cigarro queimava brochando no cinzeiro.
Comecei a escrever, voltei às tintas, aprendi a fazer mosaico e o melhor de todos os hábitos, resolvi fazer croché. Já tinha aprendido alguma coisa, nem sei quando e nem sei com quem. Sou naturalmente curiosa e quero experimentar mesmo que seja para deixar de lado em pouco tempo. Mas como frequentemente acontece, depois de alguns meses, acabo novamente interessada e em um patamar mais alto e mais experiente, como se subisse por uma escada helicoidal, experimento de novo.
"- Como você sabe que está na hora de fazer a trancinha?"
Ângela parou de trabalhar, olhou-me por cima dos óculos e disse: Você tem que contar, né?
Contar as carreiras? Desisti. Como poderia viajar meus pensamentos tendo que contar os pontos? Ah, nem...
E de uma outra vez:
"- Como faço este quadradinho? "
E a Martha: "- Faça uma trancinha de três pontos, dê uma laçada, faça outra trancinha."
"-Mas olha, não deu certo, está torto!"
"-Então, desmanche! Comece de novo."
Arrepiei. Desmanchar??? Ah, não, não vou desmanchar.
Muitas tentativas e erros depois, olhei desanimada para a pilha de pedacinhos de croché sobre minha mesinha. Com raiva, peguei todos e joguei no lixo.
Tinha feito um tapete simpático mas enrugado e olhei para ele com pesar. Não posso jogar tanta linha fora, é até pecado.
Peguei o tapete e estoicamente desmanchei.
Nada poderia ter sido tão restaurador.
A bolota de linha pedia para ser extinta. Precisei usá-la e desta vez, caprichei.
Fiz um outro tapete. Menor, mas menos enrugado.
Ok, vou desmanchar de novo!
Agora, já posso!
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