quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tranças

Conheci uma crocheteira singular. Mãe de três filhos adolescentes, produzia ao máximo entre tricot, crochet e  costura e assim ajudava nas despesas da casa.  A filha do meio, ainda menina quis aprender.  Tecia  infindáveis trancinhas com linha de costura e agulha minúscula. Dona de bons olhos e muita paciência seguia os conselhos da mãe e só suspirava, resignada, quando ouvia: -"Desmancha!"  Para a mãe o trabalho tinha quer ser perfeito. Nada de fileiras tortas ou pontos com tensão diferente. Também era preciso lavar bem as mãos quando fosse trabalhar porque a trama de linha branca deveria estar impecável. Os dois meninos, curiosos e com certa inveja da irmã - "crochet é coisa de menina" - também aprenderam a tecer, o mais velho com mais determinação que o caçula. A irmã ensinou quando eles insistiram e em troca aprendeu a jogar botão.  Ocasionalmente a mãe passava um pito na pequena. "Nossa, porque a linha está preta deste jeito?" É que na calada, o garoto vinha tecer um pouco e depois desmanchava para não dar na vista. Mas dava! Porque nem tinha o cuidado de lavar as mãos, queria mesmo era treinar a trança.
Com o tempo, a mãe compreendeu que todos sabiam usar a agulhazinha.
Um dia, o caçula e a menina começaram uma discussão interminável e entre sopapos e xingamentos acabaram sendo punidos pela mãe de uma maneira insólita: - "Estão os dois de castigo! Cada um pro seu quarto e só saiam de lá quando tiverem feito 5 metros de trancinha!! ". Enquanto eles iam, emburrados, a mãe acrescentou: - "E eu vou medir, hein?"
Bem, para quem não sabe fazer crochet - será que existe alguém? - a trancinha é o ponto básico, tudo começa com ela. Depois é preciso definir o desenho para as próximas carreiras e a trama de tecido vai se formando. 5 metros de trancinha nada significam. É apenas um cordão sem sentido. Eu gosto muito de trabalhos manuais, desde que não tenha que ficar contando pontos e carreiras. Gosto de tecer como escrevo, liberando as palavras como aparecem. Sem prestar atenção ao trabalho, posso divagar por pensamentos vários e viajo.
Desta forma, o brilhante castigo que esta mãe inventara, induzia a meninada a pensar e aprender. Ali quietos e sozinhos, ruminavam suas dissemelhanças.
Dá gosto ver como esses irmãos se entendem. Sua amizade foi cuidadosamente tecida e desmanchada, muitas e muitas vezes e em centenas de metros de trancinha, até a perfeição possível. 

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Um dia.

Hoje às 6h40, ainda boiava entre lençóis e sonhos, quando tocou o interfone, insistentemente. Atendi, trôpega, achando que fosse a Mariana que cuida da arrumação. Tentava recordar o último sonho, que me ocorria aos fiapos, mas alguém no hall falou sobre vazamentos e consertos. Abri a porta para o encanador e o síndico que foram verificar o banheiro da Mariana. A vizinha do andar de baixo reclamara de uma tomada que saía àgua.
O diagnóstico: vamos precisar quebrar tudo. Perguntei sonada e infeliz: -"Agora?"
Não, avisaremos.
Depois que saíram joguei-me na cama para tentar recuperar o sonho e o bom humor. Mas o fiapo de recordações esvanescera. E compreendi que meu dia começara à revelia e que tinha que ir vivê-lo para que o mundo não se acabasse naquela tomada chorona. Comi uns biscoitinhos esfarelentos da padaria e fui trabalhar pela última vez nesta semana, naquela casa.  Todos os funcionários da minha sala serão deslocados para a nova unidade, que fica na rua de cima e que, lá nas alturas, tem um cenário deslumbrante. A não ser pela porção mais à esquerda da vista de quase 180 graus, onde uma favela insiste em florescer colorida e trágica, veem-se floresta, monumentos, mar e lagoa. É de tirar o fôlego. Sei que ali, jamais me sentirei sozinha, basta dar com os olhos no mundo para perceber o aconchego e o balanço da intrincada rede que move a cidade. Entretanto, ainda era manhã quando um vento sudeste veio cobrir de nuvens cinzentas e pesadas meu alento e como um quebra-luz entardeceu mais cedo.
Tratei de trabalhar com afinco e zelo mas sem paixão.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Passatempo

Sem assunto aproximou-se de conversa fiada e deu-lhe um basta!
O larga-mão-desse-trem impediu que os passageiros embarcassem.
A Maria-vai-com-as-outras também foi de ônibus para Santos.
Um gato-pingado atravessou sem pressa a noite e olhou para trás.
Comigo-ninguém-pode tartamudeou seus medos e foi pra janela ver a banda.
Um coelho coxo chegou atrasado e ficou em frente ao teatro, ruminando imprecações.
O rei bisbilhotou com seu olho de vidro as saias da condessa.
A galinha de papo cheio cocoricou seu ovo.
Há muitos anos, às tres horas da tarde eu ouvia o tilintar do sino do leiteiro.
Sempre que estou assim, a ver a vida passar, ainda ouço



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Johnny Depp

  Ontem encontrei pessoas bonitas. Comemorei e fui alegre, mesmo sem alcool. Comi chocolate sem culpas.

  Hoje fui cortar o cabelo e descobri que Jonhny Deep trabalha no salão! Ele esculpiu meu  cabelo, fez uma grande confusão com os fios: cortou aqui, aparou ali, secou e molhou e secou. Mudava de tesoura e lá vinha ele de novo: plict, plict. Eu olhava pelo espelho  e o vi com expressão severa, fixando com os olhos um pouquinho estrábicos,  sua obra de arte! Foi muito pitoresco e gostei do jeito desarrumado e da assimetria dos fios; assim, combina comigo. Por último ele secou meu  cabelo como se passasse chantilly sobre minha cabeça e fazia um biquinho atrás do cavanhaque e franzia a testa. O máximo! Saí de lá feliz da vida, renovada.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Tintas

Estou com as mãos sujas de tinta. Como é bom! Estou com frio também; um vento intransigente revolve os tapetes e as mantas. Esta combinação de tintas e frio lembra-me as inúmeras noites geladas que passava pintando em São Paulo. Noites inteiras, insone, num frenesi meio suicida, até acabar a pulsão e perceber que estava congelando. Levava uma hora para parar de tremer e ficar aquecida.
Os temas são outros aqui. A natureza é muito mais explícita e as minhas tintas saem amenas, menos impressionantes. As transições são mais elaboradas, as linhas mais suaves, o toque menos àspero. Tenho preferido trabalhar com as tintas a base de água, faz tempo deixei de lado a cera de abelha e o óleo de que gostava tanto.  É que  a natureza terá que digerir essas pinturas tão tóxicas... Mas o cheiro pungente, a companhia das abelhas e o tímido amanhecer daquela cidade deixaram suas marcas.
Atualmente amanheço aquecida e vivo sem pudores.
Bem, deve ter a ver também com a maturidade.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Receita de merengue

Ingredientes:

Morangos fresquinhos lavados e limpos. Ela parte os morangos em pedacinhos e dispõe na tigela.
Chantily - A mãe bate, bate o creme de leite e adiciona algumas colheres de açúcar até que fique cremoso e fofinho.
Suspirinhos delicados  - A mãe coloca uma porção em um saquinho e ela tritura os coitados com vontade. Uma nuvem esfarelada de suspiros completa a receita.
Ela mistura tudo em uma travessa bonita mas a colher é pequena demais. Suja os dedos, desiste de mexer e pede outra colher, maior, lambendo os dedos. A mãe traz um colherão e tudo fica mais fácil.
Ela mexe e mexe e mexe, enquando isso conversa. Que conversa boa e leve! A risada cristalina que emociona.
A mãe tem a ideia de colocar as porções em taças de vinho e ela monta as taças com a mistura delícia.
Enfeita com morango e suspirinho inteiros, deixa cair por cima um fio de leite condensado e fica pronto.
Comem com prazer enquanto trocam confidências.
O fim de semana está só começando.


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Procrastinação



Sabia que precisava eliminar as pequenas tarefas de imediato. "Nada que vá demorar menos de 15 minutos deve ser deixado para depois", tinha aprendido. Só assim aquelas luzinhas irritantes e o frio no estômago paravam de acontecer. Lembranças físicas...Também os movimentos parasitas, que tomam tanto o tempo da gente e nada valem devem ser eliminados. Aprendera com a irmã, muito mais organizada, que não há motivo para deixar a chave de casa em qualquer lugar, se existe um canto definido para ela. Pronto - coloquei a chave na latinha, levei meu casaco para o quarto, tirei os sapatos no closet. Chegava e ia se desvencilhando dos trabalhinhos. Uma tarefa simples e tão definitiva, não precisa ser desdobrada. Porque os momentos perdidos são para sempre, pensava. O telefone tocava e ela correu até a sala ainda com a meia pendurada no pé esquerdo. Com o fone no ouvido e a meia na outra mão, conversava lustrando distraída, um gatinho de metal. Depois foi tomar um banho mas esquecera a meia perto do telefone. As luzinhas!! E voltou para buscar. Estava ainda treinando mas gostava da ideia de otimizar seu dia. Queria tempo para si, para não fazer nada  e sem sentir o frio da lembrança.
Pendurou a toalha, vestiu uma roupinha de malha-de-ficar-em-casa, preparou um miojo e ligou a TV.
Suspirou ao decidir deixar para lavar a panela do macarrão em outra hora. Ora, ninguém é de ferro.
Acabou dormitando no sofá e quando foi para o quarto, já era o dia seguinte.
Sorriu ao pensar que não deixara para depois um bom e restaurador cochilo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Jardim


As artes

Ontem experimentei a máquina fotográfica recém adquirida.
Cliquei amigos queridos e jovens, recém-integrados ao mercado e desejei trabalho.
Fui dar uma volta pelo jardim, revisitando velhos temas.
Tenho um prazer enorme em fotografar as sombras, torná-las parte do objeto que as cria. Às vezes elas têm vida própria e se misturam com aquelas de outros objetos ou com a do fotógrafo.
Ao criar novos desenhos transformo a natureza já tão exuberante em um universo multiplicado.
E a cada hora novas figuras se formam com as sombras itinerantes.
De casa, saí por ali, caçando argumentos para criar imagens justapostas. Por exemplo, inventei uma abstração possível para um cano enferrujado, uma parede verde e uma calçada quadriculada de preto e branco. Imaginem.... Ficou lindo.
Creditei à nova máquina tamanho sucesso.
Depois, sem falsa modéstia, concluí que as artes estão no meu sangue e por onde andar lá estarei inventando.  

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Audiolivros

Hoje experimentei audiolivros! Fui caminhar e que alegria ouvir, com meu único e máximo ouvido.
A Librivox promoveu uma reviravolta em meu estado de espírito. Baixei uma série de contos de Artur de Azevedo. Fazem parte da literatura de domínio público, por isso são gratuitos e gravados por voluntários. Ouvi maravilhada e distraída, histórias em um Brasil iniciante, em um Rio de Janeiro ainda capital. Artur de Azevedo sabe contar histórias e adorei os narradores, que são de toda parte. Há cariocas, mineiros, paulistanos e portugueses.
 Corri um pouco na ciclovia para sentir o nível de atenção na audição do texto. Funciona!  Quando cheguei em casa dei-me conta de que nem reparei no mar.
Eu gosto tanto de ler, que jamais dispensarei os livros, o contato com as páginas, as marcações voluntárias ou não. Marco um círculo no número da página que me surpreenda particularmente. E as vezes não posso evitar que uma mancha de chocolate estrague um pouco a lividez do papel.
Senti falta de poder retomar o texto no parágrafo anterior.  E de  anotar com lápis no canto da página.
Mas senti que pode ser a forma de conhecer um autor aproveitando meu horário de exercícios. Quando estiver inquieta demais,  volto para as músicas.
Ouvir histórias estabelece um compasso novo.
E com certeza na próxima vez que for à livraria vou procurar os contos do Artur.
Hoje, em duas horas ficamos íntimos.

domingo, 12 de setembro de 2010

Schrödinger, Heisenberg, Faraday

Era uma vez, em um conto de fadas, um pesquisador que era  professor de faculdade.
No principio era o livro mas o livro era pouco e divagou e divagou.
Assim surgiu a ideia que a pesquisa confirmou ser justa, mas quem era o justo, quem era o deus?
Saiu para caminhar, voltou sem  respostas e tornou ao livro mas não lia, não via, sonhava, antevia.
A princípio era o gato em seguida eram dois ou três, todos dentro da caixa de Schrodinger.
As possibilidades multiplicadas se um não-olho dentro. Se olho também, porque entre os três gatos qualquer combinação é possível. Até uma a mais... se calhar ocorre uma ninhada. Tão incerto quando as partículas de Heisenberg todos em qualquer lugar e em lugar nenhum. Como não vemos as partículas a incerteza é uma certeza.
No começo eram os gatos na gaiola de Faraday.
Lá estarão seguros mesmo que haja cães ferozes ou tempestades de raios. Estarão seguros e visíveis portanto serão exatamente quantos forem e isso é definitivo.
Gatos, cães, partículas, gente.
Com o andar pausado e interrogativo dos jabutis, o professor de física volta às aulas.
Seu destino é incerto e o meu também.
Vamos todos pra gaiola, embrulhada para presente e que os raios todos nos partam e descubram.




sábado, 11 de setembro de 2010

Anjo

Abriu os olhos e ainda estava escuro.
Suspirou e virou-se de lado, daqui à pouco deve amanhecer.
Mas  cada vez que abria os olhos, o escuro zombava dela. É que o futuro zombava dela. Porque tinha que ser assim. No seu mundo tudo ocorria em pulsos. Os minutos se demoravam, se recusavam até que a tensão era grande demais e passava-se um quarto de hora em um átimo.
Percebia as diferenças de ser, sabia que a mancha cinzenta que tinha no braço era a maldade e não se conformava. Sempre que queria ser feliz e via a mancha, o riso cristalino se turvava.
Abriu os olhos e sentiu que era dia. Nunca conseguira abrir os olhos no instante exato do amanhecer.
Mas não tinha importância. Nada tinha importância. E voltou a dormir e sonhar que era anjo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Lana e Luna

Minha energia virtual extinguiu-se.
Não posso mais com  fazendas, cafés e cidades criados por outros e compartilhados.
Sinto falta da minha alma nesses projetos, sou tão criativa, como posso cultivar esse vício cibernético?
O que preciso mesmo é de Lana e Luna.
Reconheço os riscos e as aflições de ter, mas quero tanto ter... o querer se materializa.
Depois de uma noite agitada, entre divagações e sonhos, acordei para acreditar na fantasia, onde se misturam querer e ter.
Quero ter Lana e Luna.
Preciso cuidar, fui moldada para isso, preciso criar e ver florescer.
Vou mostrar  minha felicidade: Olha só o que tenho, veja o que é meu!
As emoções, os carbohidratos, a serotonina, a criação. 
Vejo as pessoas que foram para mim; e não voltaram a ser. Onde estão? Por que, criaturas, se afastaram que não posso tê-las?
Quero Lana e quero Luna.
Depois delas, no universo dos pulsares, haverá a energia definitiva.
E quando estivermos divagando pelo aqui e pelo agora, prometo que vou confirmar minha predileção.
Quero Luna e quero Lana.
Para o meu bem e para o bem delas.
E que a transformação das cores em sombras seja só uma questão de alvorada e entardecer.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Peso pesado

Agora que as chuvas retornaram, volto a ficar apreensiva com as goteiras no quarto, os pingos no travesseiro.
Então me recordo que a varanda já está com a manta impermeabilizante e o contrapiso prontos; e consigo relaxar.
Lembro-me do dia em que compramos as mantas... Elas vem em rolos de um metro de largura por 10 de comprimento e são muito, muito pesadas. Também são complicadas para carregar, mala sem alça, entende? Bem, compramos duas. Para colocar no bagageiro  foi um custo, dois rapazes fazendo uma força danada deixaram que as mantas caíssem dentro - cataplum! Olhei aquilo e pensei: Que fracotes! Faço exercícios todos os dias, pego pesado, isso não vai ser tão difícil assim...
Quando chegamos e abrimos o porta-malas, resolvemos, Miguel e eu, que poderíamos carregá-las, uma de cada vez,  cada um em uma das pontas. Com um enorme esforço, ambos vermelhos e suando, transportamos nossas  pesadas preciosidades para dentro, para o jardim.
Fiquei com medo, fazia tempo que não via o Miguel tão agudamente  cansado, sem fôlego.
Depois de um café, um banho e um tempo descansando, ele comentou:
"- Que coisa pesada, não? Eu tentei abaixar, (com os joelhos um pouco dobrados) para que o peso maior ficasse por minha conta..."
Caí na risada. Preocupada, eu tinha usado o mesmo truque: Também dobrei  os joelhos  para ficar em um nível  mais baixo e minimizar o peso para ele.
Imaginem a cena: Nós dois, dobrados e bufando, um pensando no outro e abaixando cada vez mais. 
Felizmente a distância era curta. Sobrevivemos.
Da próxima vez ... ora, não haverá uma próxima vez!
Nem de mantas e nem de goteiras!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Quando a morte é banal

Estive assistindo a um filme em que John Travolta é um espião poderoso capaz de "limpar os trilhos" rapidamente e de quebra ensinar a um novato as artes do ofício. Mortos para todo lado. Era para ser divertido, uma distração,  mas lá pelas tantas desliguei do filme e viajei pela banalização da morte. Há filmes assim desde que há filmes e cada vez mais;  há incidentes nas ruas da  cidade,  idênticos a  estas cenas de cinema e há as guerras, os atentados, os acidentes...
Morre-se por tão pouco; a natureza quer avisar: "Tem gente demais aqui, comida de menos, vamos dar um jeito."
Mas para mim, o susto foi a consciência de todas as pessoas que precisaram chorar seus mortos, tantas para tantos... Porque estes "avatares" não desaparecem como no videogame; aliás nem tem outras vidas.
Há um luto partilhado para cada um deles: nasceram, foram queridos, detestados,  fotografados, rasgados, treinados e seduzidos; e todos os outros gerúndios que uma vida pode ter.
Cada um aconteceu,  dia após dia.
Interagiram, cumpriram rituais, chutaram  tampinhas, descobriram as formigas e seus caminhos e seus caminhos.
E há a falta, a falta que fazem por muito tempo depois.
Fico aqui pensando por onde seguir depois dessas  cenas todas de cinema que vivo e vejo viverem.
Resta ir em frente; e decidir às vezes. Ou voltar um pouco. Ou correr sem escrúpulos.
O imprevisível não vai suspender meu tempo. Não mesmo...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Meu amado Felipe


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Primavera

Hoje, não quero falar de dores, quero falar de amores.
Gosto da serenidade de quem vai, como se ficasse.
Gosto de quem ama sem medidas, sem contornos.
Não quero falar de separação, muito menos de despedida, quero falar de encontros, de saudades de ver e abraçar.
Vontade de ser parente, todo dia dar bom dia, toda noite conversar àtoa.
Se não é possível, vamos jogar pra frente, jogar limpo e consciente, jogar e viver.
E se um dia os sonhos comuns se modificarem,  correremos uma maratona de cotidiano.
Estar próximo do distante é uma questão de alma, uma questão de vida.
Ali na esquina, estarei esperando.
Uma notícia boa,  novidades, ou velhos temas atualizados.
Vamos conferir medidas com a fita métrica e definir objetivos para a próxima estação.
Só assim faz sentido.
Olha só, vem chegando a primavera!